A vida escolar tem fases. Etapas com características e finalidades próprias exigindo dos estudantes distintas posturas. A escolaridade que antecede o ensino médio, por exemplo, é o tempo de construção dos fundamentos. Nesse trecho do caminho obtém-se os elementos que sustentam o avanço das capacidades cognitivas para a continuidade da formação.
O ensino médio é um tempo transitivo. O programa de estudos propicia ferramentas de compreensão para que o estudante entre no mundo do trabalho ou dê continuidade aos estudos com maior eficiência prática. O ensino universitário é crucial na formação das gerações para ingresso na vida adulta. Nesta etapa, o estudante obtém domínio de áreas de conhecimentos mais abstratos e complexos que conferem compreensão teórica e lhe credenciam ao exercício esclarecido de uma profissão ou posição social.
Os estudos no nível universitário, por esse caráter credenciador, são a promessa à sociedade de que as expectativas depositadas no estudante terão reciprocidade e trarão benefícios sociais, seja pelo exercício de uma profissão ou pela inserção responsável nos diferentes segmentos sociais.
É por essa razão que chegar à universidade demarca nítida transição e ocupa no imaginário social o lugar de ritual de passagem.
Não é por acaso que ingressar em uma instituição de ensino superior de qualidade, frequentar o curso mais adequado ao projeto profissional é tarefa que exige planejamento, decisão e trabalho árduo. Mas será que os calouros chegam à universidade conscientes desses aspectos? Será que suas atitudes potencializam o êxito acadêmico e a satisfação pessoal?
Sim. Há estudantes com atitudes que demonstram consciência da importância do próprio papel para que a formação acadêmica traga os efeitos previstos. É visível que os estudantes detentores desse nível de consciência costumem ser participativos e comprometidos com as exigências da formação.
Todavia, em que pese haver estudantes com tal postura, há alguns que parecem crer que a matrícula e o diploma são suficientes para fazer face às exigências laborais e da vida social adulta.
Dessa forma, os impactos da experiência universitária não são uniformes para todos. O grau de aproveitamento da experiência estudantil não depende apenas da qualidade da instituição. O desempenho acadêmico é fortemente condicionado pelo repertório de atitudes do estudante.
No sentido amplo, começamos a exercer a profissão escolhida, quando ingressamos no curso que nos credenciará ao seu exercício. Cada aula, cada atividade encerra unidades de aprendizado que vão sedimentar competências, além disso, é no campus que as relações profissionais se iniciam.
Além disso, é pouco inspirador ver jovens com diploma na mão, mas confusos e inseguros quanto à própria capacidade de corresponder às expectativas sociais.
E esse quadro mostra-se ainda mais grave em um mundo onde o trabalho absorve cada vez mais conhecimentos e é impactado por contínua avalanche de inovações tecnológicas.
Se cada estudante chegasse à universidade mais consciente do seu propósito e das finalidades do ensino universitário seria mais capaz de potencializar ao máximo seu aproveitamento da experiência acadêmica.
Como? Ele guiaria sua ação por um plano pessoal de desempenho; suas atitudes seriam revestidas de proatividade e diligência; ele acompanharia o calendário estudantil; ampliaria sua participação em atividades extraclasse; sua interação expressaria civilidade e disposição para firmar uma rede de relacionamentos profissionais. Entre outras atitudes edificantes de uma formação substantiva.
A colação de grau tem um significado diferente para os alunos, cujo percurso acadêmico é trilhado de forma consciente. O estudante se reconhece como agente ativo na empreitada. A solenidade é vivida como algo significativo para a qual ele (estudante) foi parte decisiva e atuante.
Afinal, a famosa frase que diz que não há caminho, mas caminhada é especialmente verdadeira quando falamos da jornada do estudante na Universidade.
Imagem de capa: Shutterstock/Matej Kastelic