RELACIONAMENTOS

Entrevista: “As pessoas se iludem que podem controlar o parceiro. Não podem.”

Por Larissa Roso

Regina Navarro Lins sacode, incomoda, obriga a refletir. Conhecida do público pela presença em discussões na mídia sobre amor e sexo, a psicanalista carioca fala com naturalidade não apenas das questões íntimas – é segura também ao prever um cenário bem mais diverso do que o observado hoje quanto a possibilidades de relacionamento. Defensora feroz da plena realização dos desejos, ideal que não pode ser aprisionado na definição de relação monogâmica, ela condena a idealização estabelecida pelo padrão do amor romântico.

Casamento com liberdade sexual seria o ideal?


As pessoas são obcecadas pela certeza de exclusividade. Um dos programas que tive no rádio era respondendo perguntas e 99% eram sobre isso. Penso o seguinte: ninguém tem de se preocupar se o outro transou ou não com outra pessoa. Cada um deveria responder a duas perguntas para si próprio: “Me sinto amado? Me sinto desejado?”. Se a resposta for sim para as duas, o que o outro faz quando não está comigo não me diz respeito, não é da minha conta. Não tenho a menor dúvida de que as pessoas viveriam melhor assim.

Primeiro, porque não adianta você controlar o outro, isso é uma fantasia. Tem gente que diz assim: “Ah, mas aí você está favorecendo a pessoa a se apaixonar por alguém”. Conheço muita gente que, no meio de um casamento, apaixonou-se e foi embora. Muita gente. Todas tinham relações tidas como monogâmicas. Todas tinham um pacto de exclusividade. Não funciona. Quando as pessoas começam a namorar, já está implícito que o outro só vai transar com você e você só vai transar com ele. Como é que você sabe que você só vai transar com ele? Por quê? Penso que chega uma hora em que, para viver bem, tem de ter sabedoria. Tive um paciente no consultório, um advogado, que tinha a mulher mais ciumenta do mundo.

Era impressionante. A mulher acordava às 10h e ligava para ele de meia em meia hora. Controlava tudo: com quem ele almoçou, com quem comeu, com quem saiu. E o cara saía de casa todo dia às 6h30min com a desculpa de que tinha muitos processos no escritório. Todos os dias, ele passava na casa da namorada e transava com ela. Chegava ao escritório lá pelas 9h30min. Quando a mulher começava a ligar, ele estava tranquilo e satisfeito. As pessoas se iludem que podem controlar o parceiro. Não podem.

A fidelidade absoluta lhe parece algo impossível, irreal?


Os modelos tradicionais hoje não dão respostas satisfatórias. Então, abre-se espaço para cada um escolher sua forma de viver. Eu jamais proporia a mudança de um modelo por outro: “Sempre houve exigência de exclusividade, então, agora é proibido ser exclusivo”. Não. Se uma pessoa quiser ficar 40 anos com outra e só transar com ela, tudo bem. Se outra pessoa quiser ter três parceiros fixos, tudo bem também.

O importante é que não haja modelo, que cada um possa escolher como quer viver. O único problema é que as escolhas, na maioria das vezes, não são livres. São escolhas determinadas pelo que está no inconsciente, pela culpa, pelo medo. Se você conseguir ter o maior número possível de escolhas livres, melhor.

ENTREVISTA COMPLETA NO ZERO HORA

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Veja esta série na Netflix e ela não sairá mais da sua mente

Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…

2 dias ago

Filme premiado em Cannes que fez público deixar as salas de cinema aos prantos estreia na Netflix

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…

2 dias ago

Série ousada e provocante da Netflix vai te viciar um pouco mais a cada episódio

É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…

2 dias ago

Influenciadora com doença rara que se tornou símbolo de resistência falece aos 19 anos

A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…

3 dias ago

Tatá precisou de auxílio médico e passou noites sem dormir após acusação de assédio, diz colunista

"Ela ficou apavorada e disse que a dor de ser acusada injustamente é algo inimaginável",…

3 dias ago

Suspense psicológico fenomenal que acaba de estrear na Netflix vai “explodir sua mente”

Será que você é capaz de montar o complexo quebra-cabeça psicológico deste filme?

3 dias ago