Equilíbrio, seja bem-vindo às nossas vidas

Por Amanda Veloso

Viver bem é o tipo de desejo tão universal que se tornou um direito.

Mas não há fórmula ou mágica que o garanta, o que deixa, para cada um de nós, a difícil tarefa de descobrir e pavimentar o próprio caminho. E enquanto nos perdemos em nossas rotas – ou nos trajetos alheios – uma série de dissabores da vida aparece.

Vêm o medo, a angústia, a ansiedade, a hesitação, a revolta, a culpa, o remorso e outros azedumes e amargores capazes de complicar, perturbar, comprometer, arriscar, paralisar e até mesmo aniquilar o mais básico de tudo, a sobrevivência.

Não nos faltam ofertas para fugir ou se alienar de tudo isso: medicamentos especializados e certeiros, êxtase infinito prometido em drogas, hábitos mandatórios que atraem a tão buscada felicidade. Apenas um pequeno e fundamental problema no meio disso tudo: viver bem inclui viver mal em determinados momentos e passar por maus bocados. E o sofrimento psíquico, variável em intensidade, faz parte de todos nós, assim como a tristeza, a frustração, a impotência e o conflito.

Por mais áridos e temerosos que sejam, esses sentimentos nos constituem e representam não só a complexidade do ser humano, como sua singularidade. Cada um de nós tem seu repertório de linguagem, seu referencial de cultura e, portanto, é afetado diferentemente por cada evento, seja ele bom ou ruim. É por isso que não há uma receita que nos conduza ao estado de plenitude, às horinhas de descuido, à tranquilidade, à saúde mental.

Existe, porém, o equilíbrio e sua busca, que não só apaziguam algumas agonias e dissolvem sofrimentos, como também nos deixam mais dispostos a reconhecer, em nós, características nem tão bem-vindas e a admitir o desconhecido em nossa própria personalidade.

Temos dificuldades diárias para conciliar o contraditório e o controverso nos outros e em nós mesmos. É natural que sejam difíceis, na medida em que nos expõem nossas limitações. Elas, aliás, também fazem parte do pacote.

Acolher angústias como parte de nós, e não como doenças, é um passo importante para o equilíbrio. Questionar sobre os próprios incômodos, também. Experimentar, sem rejeição, a incoerência e o sem sentido. Mergulhar nas próprias incertezas. Viver o luto (da morte ou de uma separação) – ele é essencial para a cicatrização de feridas incomensuráveis, sem contar que libera os afetos para novas situações na vida e, com isso, o recomeçar.

Sim, a sensação é de uma guerra interior pacificada e reativada em todos os momentos. Pode ser que falte o ar. Pode ser que o choro saia, desenfreado. Pode ser que a raiva cegue. Pode ser que ela, a depressão, se desenvolva. Mas permitir-se vulnerável e identificar fraquezas é o tipo de coisa que fortalece. Ajuda a construir o caminho mencionado lá em cima.

E para auxiliar você a fazer perguntas que levem a boas trajetórias, o HuffPost Brasil vai trazer conteúdos exclusivos e cuidadosos em nossa seção Equilíbrio.

Não temos o intuito de nortear escolhas de vida ou julgar atitudes. O objetivo aqui é pensar nossas incoerências e permitir que novos sentidos se construam sobre as experiências de cada um.

Bem-vindos ao ilimitado território da subjetividade!

TEXTO ORIGINAL DE BRASIL POST

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Série “proibidona” na Netflix é perfeita para quem só quer relaxar em frente à TV

Um thriller instigante e explicitamente sensual na Netflix para maratonar quando a correria do dia…

1 hora ago

Adolescente recebe diagóstico devastador após médicos confundirem seus sintomas com “dores do crescimento”

“Os médicos nos garantiram que eram apenas dores de crescimento, então acreditamos neles.", disse o…

2 horas ago

Veja esta série na Netflix e ela não sairá mais da sua mente

Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…

2 dias ago

Filme premiado em Cannes que fez público deixar as salas de cinema aos prantos estreia na Netflix

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…

2 dias ago

Série ousada e provocante da Netflix vai te viciar um pouco mais a cada episódio

É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…

3 dias ago

Influenciadora com doença rara que se tornou símbolo de resistência falece aos 19 anos

A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…

3 dias ago