COMPORTAMENTO

Espalhe sorrisos. No mínimo, você salvará o dia de alguém.

Por Rebeca Bedone

Outro dia, numa sessão de cinema lotada, enquanto estava na fila para comprar pipoca junto às outras pessoas que também esperavam, a mulher à minha frente começou a gritar com o atendente do balcão. Ela estava histérica e reclamava sobre a demora no atendimento. Quando chegou a minha vez, aproximei-me do balcão e percebi que o atendente, um moço jovem, tinha ficado chateado. Ele trabalhava sem parar. Anotava os pedidos, pegava pipocas e refrigerantes, recebia o pagamento e devolvia o troco. Senti pena dele. Senti pena daquela mulher. Senti pena de todos nós.

Já reparou como vivemos apressados? Parece que não temos mais tempo para nada. Também somos efêmeros, pois o novo se torna velho no dia seguinte. O consumismo está em todas as vitrines: queremos o carro do ano, a bolsa da moda e o celular do futuro. Para consumir mais, tornamo-nos competitivos. Valorizamos o sucesso acima de tudo. E não sabemos mais lidar com o fracasso.

No meio disso tudo, há quem tenha perdido o melhor amigo e há quem tenha visto o amor da sua vida partir. Tem gente que sente falta do pai, outros sentem saudade do filho. Tem choro calado, esperança morta e dias escuros. A cabeça está cheia de tanto barulho: “pagar as contas”, “buscar as crianças”, “terminar o relatório”, “engordei mais dois quilos”, “meu chefe é um saco”, “queria sumir”, “quero chorar”.

Então, aprendemos a camuflar nossos sentimentos nos dias monótonos. Ignoramos a dor alheia. Perdemos o respeito ao próximo. E, de alguma forma, a gente sobrevive — nem que seja devorando a nós mesmos.

Na história que contei, era evidente que aquela mulher sofria por alguma coisa, pois o seu sofrimento se transformou em ira. É que a verdade não é fácil: somos nós os responsáveis por nossas tragédias pessoais. E mesmo que seja chato esperar na fila, não se justifica aquela grosseria com o moço que fazia honestamente o seu trabalho.

Quando me aproximei do balcão, o olhar vago e derrotado do atendente causou algo dentro de mim. Então, junto com o pedido que fiz, entreguei a ele o meu sorriso.

Sentada na poltrona do cinema, momentos antes de iniciar o filme, lembrei-me de um fato ocorrido mais cedo naquele dia. Eu dirigia apressada no trânsito caótico do horário do rush. Estava atrasada para um compromisso e preocupada com minha gata que estava doente. Também carregava mais alguns outros pensamentos na minha cabeça barulhenta. Quando o sinal fechou, veio um senhor querendo vender balas na minha janela. Eu disse que não queria, obrigada. Ele sorriu e me disse: “vai com Deus, minha filha”.

Foi o sorriso que salvou o meu dia. Porque, quando sorrimos, acalmamos as dores do mundo.

TEXTO ORIGINAL DE REVISTA BULA

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Veja esta série na Netflix e ela não sairá mais da sua mente

Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…

2 dias ago

Filme premiado em Cannes que fez público deixar as salas de cinema aos prantos estreia na Netflix

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…

2 dias ago

Série ousada e provocante da Netflix vai te viciar um pouco mais a cada episódio

É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…

3 dias ago

Influenciadora com doença rara que se tornou símbolo de resistência falece aos 19 anos

A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…

3 dias ago

Tatá precisou de auxílio médico e passou noites sem dormir após acusação de assédio, diz colunista

"Ela ficou apavorada e disse que a dor de ser acusada injustamente é algo inimaginável",…

3 dias ago

Suspense psicológico fenomenal que acaba de estrear na Netflix vai “explodir sua mente”

Será que você é capaz de montar o complexo quebra-cabeça psicológico deste filme?

3 dias ago