As redes sociais caminham a passos largos junto com o sofrimento psíquico e isso pode não ser uma mera coincidência. As inúmeras possibilidades virtuais que nos cerca, possibilita a divulgação de situações e vidas diversas, sendo algumas delas invejadas por indivíduos.
Percebe-se que o self (eu) ideal parece girar em torno de uma fantasia utópica propagada no mundo virtual.
Visualizamos diariamente em nossas redes vidas supostamente “perfeitas”, onde só existem viagens ao mundo, o emprego dos sonhos, amor romântico, filhos perfeitos, corpo escultural e uma beleza forçada em ângulos e filtros. Construções de ideais em um mundo, onde o registro vale mais do que o momento. Essa incongruência entre o autoconceito (como me vejo) e o self ideal (como gostaria de ser) parece ser hoje a maior causa dos sofrimentos psíquicos.
Ainda acredito na busca da flexibilidade psicológica, no equilíbrio ou no meio termo das coisas. Devemos aliar a busca de valores, de acordo com a própria realidade. Estar ligado ao presente, se comprometer com ações vinculadas ao contexto vivencial e não pautar os nossos comportamentos pelo viés comparativo. Aceitar como sou e me permitir limitações físicas, financeiras e emocionais, tendo sempre disponibilidade em lidar com as situações apresentadas.
Sei que há pessoas que gostam mais da exposição da própria vida do que outras e isso também é natural, já que vivemos na diversidade, logo, não deve ser um “medidor” de felicidade ou infelicidade. Afinal, as redes sociais também são para compartilhar os momentos da nossa passagem por esta vida. E se te incomoda o que alguém expõe, pode ser que a questão esteja mais mal resolvida para você, do que para o outro.
O que deve ser evitado são os excessos, ou seja, o desequilíbrio do que falo ou posto, daquilo que realmente sou. Na verdade, o esperado é ter um autoconceito coerente com a própria idealização, para assim encontrar o melhor caminho para a saúde mental.
Acredito que estamos mais adoecidos psiquicamente, por conta do desequilíbrio do que quero me apresentar ao outro virtualmente, para aquilo que realmente vivo e vejo no espelho. Quando viramos adultos percebemos que o mundo não é um conto de fadas, e querer viver nele pode custar mais caro do que posso e quero pagar.