Ronaldo Cuenca, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Brasília, esclarece algumas dúvidas sobre o procedimento, que já é realizado por cerca de 100 mil brasileiros a cada ano.
A Organização Mundial de Saúde aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. No Brasil, a obesidade vem crescendo cada vez mais, e o país já é o segundo com o maior número de cirurgias bariátricas realizadas por ano – são cerca de 100 mil – ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
No mês de abril, é comemorado o Dia Mundial da Saúde e esses dados demandam um debate mais incisivo sobre hábitos alimentares saudáveis. Comer bem e melhor, segundo Ronaldo Cueca, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Brasília, é a principal arma contra a obesidade.
Por ser um procedimento ainda desconhecido por boa parte da população, Ronaldo Cuenca revela mitos e verdades sobre o tema.
Mito. Em janeiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina divulgou diretrizes (Resolução 2.131/15) que regulamentam os pré-requisitos para que uma pessoa seja candidata à cirurgia bariátrica. Há uma limitação de idade: as pessoas que estão pré-autorizadas para a realização da cirurgia devem ter mais de 16 anos e menos de 65 anos. Além disso, existe o limite do Índice de Massa Corporal: estão pré-autorizadas as pessoas portadoras de IMC de 35kg/m² associado a comorbidades (doenças que, aliadas à obesidade, podem levar à morte) ou pessoas com IMC de 40kg/m² mesmo sem comorbidades.
Mito. É um atentado contra a saúde. Esta mesma resolução do CFM impede que isso aconteça, ao definir que o obeso mórbido precisa ter a obesidade mórbida estável há, no mínimo, dois anos para realizar a cirurgia.
Verdade. Eles são obrigados a cobrir se as pessoas se enquadrarem dentro dos requisitos da resolução 2.131/15 do CFM. No caso das cirurgias reparadoras, só plástica de abdômen é coberta.
Mito. A indicação para a realização da cirurgia reparadora é de dois anos após a bariátrica. A justificativa é: durante esses dois anos, a pessoa vai emagrecer gradativamente e estabilizar a perda de peso em seis meses. Precisa ter cumprido as curvas de perda e ganho de peso e de estabilização para que o excesso de pele seja retirado.
Mito. O paciente vai atingir o ponto de equilíbrio depois de dois anos. A perda de peso é mais acelerada, de fato, nos primeiros 6 meses. A estimativa nesse período é de perda de 60% do excesso, mas o paciente continua emagrecendo até 2 anos após a cirurgia.
Verdade. Antes desse tempo, a capacidade absortiva do intestino fica desviada, e uma gestação pode ser transformada em alto risco por conta da baixa absorção e, consequentemente, resultar em má formação fetal.
7. É possível voltar ao peso normal, e até engordar mais, depois da cirurgia bariátrica
Verdade. Isso acontece por conta da relação do paciente com a comida, que não foi modificada. O estômago, após a cirurgia, tem 5% de tamanho em relação ao normal. Além da redução do estômago, há o desvio do intestino, que vira o local para a absorção e a digestão dos alimentos. Ao longo do tempo, se o paciente continuar tendo um hábito alimentar errado, o pedaço do intestino começa a absorver mais para compensar a falta de espaço no estômago. É uma adaptação do organismo que pode acarretar em novo ganho de peso.
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