Chegar ao pódio e ganhar uma medalha para seu país são apenas uma pequena parte de um trabalho árduo conquistado ao longo de toda uma vida, resultado de muita dedicação, treino e superação de obstáculos, como encarar a falta de incentivos do governo e das empresas a atletas desde a base.
Como se não bastasse, muitos atletas ainda precisam lutar contra a depressão para atingir seu sonho de estar entre os melhores do mundo em sua modalidade.
Talvez nem todos saibam, mas a depressão já afetou alguns dos atletas mais famosos do mundo, como o norte-americano Michael Phelps e os medalhistas brasileiros Diego Hypólito, Joanna Maranhão e Rafaela Silva.
Conheça um pouco da história desses vencedores dentro e fora das Olimpíadas:
Diego Hypólito
O atleta ganhou medalha de prata no Rio 2016
Quando se mudou do Rio de Janeiro para São Paulo, no final de 2013, o atleta não se adaptou à nova cidade. Teve depressão profunda, foi hospitalizado e não tinha energia para reagir. Perdeu dez quilos, não treinava.
“Primeiramente, achei muito difícil. Eu não conseguia viver nessa loucura que é São Paulo. Você pode fazer de tudo, todos os dias. Mas eu vivia em um cubículo, do lado do ginásio, não saía”, contou em entrevista ao UOL.
Quando ele foi contratado por um clube em São Bernardo, na Grande São Paulo, ele se reergueu. “Optei por São Bernardo pela visão de cidade pequena, mas muito bem estruturada. Tem menos trânsito, você conhece todo mundo. Eu vou à padaria e converso com as pessoas, almoço com minha vizinha. Em São Paulo, não tinha nada disso. E eu ainda estou a 40 minutos da praia, se quiser. Estou ambientado. É um conceito de família. Hoje, me sinto em casa. A contratação por São Bernardo me reergueu.”
Michael Phelps
O atleta tem 28 medalhas nas Olimpíadas
O atleta que conquistou o maior número de medalhas de ouro na história das Olimpíadas também já sofreu depressão. Essa fase começou em 2009, com o escândalo causado por uma foto que mostrava Phelps fumando maconha. Ele foi suspenso por três meses, abandonou os treinos e perdeu o foco em seu trabalho.
“Eu não estava nem aí”, disse ele mais tarde, refletindo sobre o período. “Não queria nada com a água. Nada.” Ele chegou a frequentar uma clínica de reabilitação, no Arizona.
Rafaela Silva
Rafaela Silva ganhou medalha de ouro no judô no Rio 2016
Em 2012, após ser eliminada nas oitavas de final dos Jogos de Londres, a atleta, nascida e criada na Cidade de Deus, decidiu que ia parar de lutar. Na época da derrota, ela chegou a escutar ofensas racistas como “macaca” e alguns seguidores disseram que ela “era uma vergonha para sua família”.
“Teve um tempo em que ela não treinou. Ela frequentava a academia só para olhar, mas não treinava. Toda vez que Rafaela ia no treino, víamos que estava com cara de choro, que não queria treinar. Dizíamos que em 2016 seria no Rio. Fazíamos tudo para ela treinar”, lembrou Bianca Gonçalves, judoca do Instituto Reação e amiga de Rafaela.
Foi nesse período que ela entrou em depressão. “Foi um momento bem difícil. Andava na rua e pensava ‘vou lutar a Olimpíada’. Mas caía a ficha. Lembrava que tinha sido eliminada e ficava muito chateada. Assistia televisão e começava a chorar.”, disse a atleta em entrevista à Agência Brasil.
Joanna Maranhão
A atleta Joanna Maranhão
Em 2015, após o Pan de Toronto, Joanna foi acometida por uma crise de depressão. Ela tinha dificuldade de sair de casa e só pensava em chorar.
“Aquela crise quando me abateu eu falei: ‘Dessa eu não vou sair’. Porque estava tudo bem, minha vida estava bem e de repente eu não via sentido em absolutamente nada. Eu só ficava em minha cama dormindo. Chegava no clube, olhava para a piscina e começava a chorar. E o meu técnico falava: ‘Joanna o que está acontecendo?’ Eu não sabia, mas eu estava apática”, disse em entrevista à UOL.
A atleta sofreu abuso sexual de um ex-treinador na infância e carrega o trauma consigo, convivendo com a depressão há anos. Ela tentou o suicídio duas vezes e chegou a se aposentar das piscinas.
TEXTO ORIGINAL DE CATRACA LIVRE
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