Como reconhecer e aliviar as principais fontes de estresse da nossa vida? Como melhor administrar o tempo, para evitar a sobrecarga e viver melhor? Assim como temos o bom e o mau colesterol, temos o bom e o mau estresse. O “bom estresse” representa o grau razoável e necessário de exigência e de motivação para fazer face aos compromissos assumidos, cumprindo prazos e horários, buscando o bom desempenho. É o “bom estresse” que nos mantém em movimento, estimulados a persistir nas metas estabelecidas, decididos a superar obstáculos.
Por outro lado, o “mau estresse” está na raiz de inúmeras doenças (cardíacas, gástricas, dermatológicas, etc.), de ataques de angústia e de crises depressivas. Isto prejudica o desempenho no trabalho e piora a qualidade dos relacionamentos, uma vez que a pessoa cronicamente estressada está muito mais sujeita à irritabilidade, impaciência, mau humor.
É fundamental, na busca diária do equilíbrio em nossa vida, reconhecer as fontes inevitáveis de estresse, procurando descarregá-lo de modos saudáveis e procurar perceber as fontes de estresse que nós mesmos criamos, para tentar evitá-las.
Maneiras comuns de “criar estresse”: atitude de “pegar pesado”, reclamando da vida, das coisas e das pessoas, superexigência cruel que acarreta sobrecarga e acúmulo indevido de funções, dificuldade de dizer “não”, incapacidade de delegar tarefas e responsabilidades, centralizando e controlando tudo, pavor de desagradar ou desapontar os outros, sentimento de culpa intenso, provocando a sensação de estar sempre aquém do esperado, pessimismo e pensamento catastrófico (imaginar sempre as piores hipóteses).
Fatores mais comumente apontados como fontes inevitáveis de estresse: ambiente de trabalho altamente competitivo, viver em contexto de insegurança devido à violência urbana, engarrafamentos no trânsito, orçamento apertado e dívidas, relacionamentos conflituados, sobrecarga de funções (por exemplo, mulheres que trabalham, cuidam da casa e têm filhos pequenos) que mal permite ter tempo para o lazer.
Há quem tome um uísque “para relaxar”, fume um cigarro após o outro ou grite com quem estiver por perto para se acalmar. Mas, convenhamos, existem maneiras mais saudáveis de descarregar o estresse inevitável. Recursos utilizados por muitas pessoas: ver TV “para descansar a cabeça”, fazer ginástica, caminhada, natação ou qualquer outra atividade física prazerosa, ouvir música, dançar, brincar, fazer relaxamento ou meditação para construir a serenidade interior.
E nos relacionamentos? A pessoa estressada, com tendência a ficar irritadiça e impaciente, contagia quem está por perto, tornando o convívio tenso e pesado. É preciso desenvolver o senso de humor, a capacidade de amar e de cultivar amizades, aprender a olhar para as situações de modo mais positivo, “pegando leve”. A clareza da comunicação, a ampliação da escuta para estabelecer os “acordos de convívio”, a busca do bem-estar, conversas interessantes, carinho, gentileza e atenção são ótimas sementes de harmonia nos relacionamentos.
Quanto ao estresse que criamos por meio de nossas características pessoais, é importante desenvolver uma postura de determinação para efetuar pequenas mudanças que façam a diferença. Para isto, podemos trabalhar com o conceito de “compromisso mínimo”. Para muitos, o simples pensamento de efetuar todas as mudanças necessárias é desencorajador: “É tanta coisa que nem sei por onde começar”. Porém, escolher um pequeno ponto de partida, qualquer que ele seja, é uma decisão essencial: o importante é começar, com determinação e autodisciplina.
A revisão do cotidiano, o questionamento do nosso estilo de pensamento, o esforço de mudar a maneira de olhar, de sentir e de agir são caminhos na direção de um trabalho antiestresse que nos fará viver melhor. Perguntas do tipo: Preciso mesmo fazer tudo isso hoje? Como posso criar dez minutos para relaxar e recarregar as baterias? O que posso fazer para criar um convívio mais agradável no trabalho? Qual será a verdadeira catástrofe se eu resolver tirar uma semana de férias?
Por fim, a objeção mais comum quando se fala em medidas antiestresse: “Bem que eu gostaria de fazer essas coisas, mas não tenho tempo para nada disso”. É bom lembrar que tempo realmente a gente não tem, a gente cria. A boa administração do tempo depende dessa crença na nossa capacidade de criar tempo, que resulta em melhores decisões quanto a prioridades e maneiras de organizar nossa agenda de tarefas e compromissos.
E então, qual o compromisso mínimo que você está disposto a fazer para começar a viver melhor?
Imagem de capa: Shutterstock/vmaslova
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