Se você não é um monge budista ou uma irmã carmelita que vive reclusa da vida urbana, a possibilidade da sua rotina ser marcada por tensão, irritação, ansiedade, desgaste físico e outros muitos sintomas é grande, mesmo que em intensidades maiores ou menores. A soma de dois ou mais desses sentimentos pode ser resumida em uma palavra: estresse. Viver estressado está tão intrínseco no cotidiano de muitas pessoas que às vezes pode ser tarde demais frear as consequências que podem acarretar na saúde física e mental quando se chega ao esgotamento total. Em alguns casos parece impossível fugir, mas o estresse pode e deve ser administrado diariamente.
A psicóloga Andreia Ramos explica que o estresse é uma doença e merece atenção, pois a partir dele outras doenças são desencadeadas e pode levar à morte. Ela trabalha na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Santa Rosa e lida diariamente com pacientes em situações limites.
“O estresse pode ser classificado em quatro fases: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão. Se for percebido nas duas primeiras fases, a pessoa ainda consegue controlar e trabalhar para não piorar”, afirma Andreia.
Na “fase do alerta”, considerada a fase positiva do stress, o ser humano se energiza através da produção da adrenalina; a sobrevivência é preservada e uma sensação de plenitude é frequentemente alcançada.
Na segunda fase, a “fase da resistência”, a pessoa automaticamente tenta lidar com os seus estressores de modo a manter sua homeostase interna. Se os fatores estressantes persistirem em frequência ou intensidade, há uma quebra na resistência da pessoa e ela passa a “fase de quase-exaustão”.
Nesta fase, o processo de adoecimento se inicia e os órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração. Em não havendo alivio para o stress através da remoção dos estressores ou através do uso de estratégias de enfrentamento, o stress atinge a sua fase final, a “fase da exaustão”, quando doenças graves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como enfarte, úlceras e psoríase, dentre outros. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas do stress na “fase de quase-exaustão” e se prolonga na “fase de exaustão”.
Dores de cabeça e musculares, esquecimentos, irritabilidade, sono, cansaço frequente, ansiedade, gastrite, fome excessiva ou falta de apetite, oscilação da pressão arterial, alteração da glicemia, queda de cabelo, depressão, boca seca, sudorese e muitos outros sintomas compõe um cenário de estresse.
Já entre as graves consequências que o acúmulo de estresse pode causar estão infarto, derrame, acidente vascular cerebral, transtornos alimentares, bronquite, asma, síndrome do pânico e até mesmo câncer.
A psicóloga ressalta que cada pessoa reage de uma maneira às fases do estresse. Por isso, antes de ficar doente, é importante estabelecer uma rotina, dedicar tempo para a família, ter uma alimentação balanceada, trabalhar a autoestima, praticar atividades físicas e ter bons momentos de lazer. “Cada um precisa conhecer o seu limite e investir na produção de endorfina, hormônio responsável pelo bem estar”, indica a especialista.
Lado bom
De acordo com a International Stress Management Association (Associação Internacional de Administração do Estresse, em tradução livre), existem dois tipos de estresses: o positivo, chamado de eustresse, e o negativo, denominado distresse.
Ambos causam reações fisiológicas similares: as mãos e os pés tendem a ficar suados e frios, o coração acelera e a pressão arterial aumenta.
TEXTO ORIGINAL DE MÍDIA NEWS
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