Zezinho, o Francisco Santa Filho, tem 68 anos e é um mais um daqueles que não tiveram chance de ir à escola. Ele é vendedor de picolé há mais de 50 anos em frente ao Colégio Diocesano, uma tradicional escola particular do município de Crato, no Ceará. A maior parte de sua vida, Zezinho foi analfabeto. Porém, agora, recebeu uma ajuda de uma dedicada “professora”.
A professora chama Bárbara Matos, de 9 anos, ela tem ensinado após suas aulas Zezinho a ler e escrever. Uma dessas aulinhas foi fotografada pela psicopedagoga Risélia Maria, que publicou a foto no Facebook na quinta (13), e desde então tem viralizado na rede social.
Sentados no chão, em frente ao colégio, os dois ficam super concentrados nos livros e cadernos. “O Zezinho merece um dez”, elogia Bárbara, que revela seu método de ensino. “Às vezes, eu escrevo uma palavra com tracinhos para ele cobrir, como ‘picolé’ e ‘amor’. Também coloco as letrinhas para ele juntar”, diz ela.
Zezinho comemora os avanços em meio às aulas.. “Já sei assinar meu nome e juntar algumas letras. Ela me ensina aos pouquinhos e eu vou aprendendo devagar”, relata emocionado, que antes dizia “não ter cabeça” para aprender mais nada.
Francisco nasceu em Crato em 1951, e jamais saiu do município. Vende picolés desde os 12 anos para se sustentar e jamais teve acesso à educação. A atitude de Bárbara pode ter finalmente rendido a ele uma chance de estudar. “Com a repercussão dessa história, estamos montando para ele um material de alfabetização. A professora Risélia também está se dispondo a ensiná-lo. Francisco diz que o tempo dele é corrido por conta dos picolés, mas a Risélia está bem disponível. É só ele querer”, diz a coordenadora pedagógica Nágela Maia.
“Quando eu vi a cena desta aluna ensinando a ele, isso me comoveu muito. Encarei como um aprendizado para mim enquanto educadora. Já era para nós termos tomado a iniciativa de ensiná-lo a ler e a escrever, pois faz muitos anos que ele vende picolé ali nas redondezas do colégio. Eu mesma sou ex-aluna da escola e fui ‘cliente’ dele na infância. Leciono faz mais de 30 anos. Precisou que eu presenciasse aquela cena para me tocar”, reflete a psicopedagoga Risélia.
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