Falar sobre os problemas sempre ajuda a desabafar e faz com você se sinta mais leve, não é verdade? Pois o mesmo principio se aplica às terapias para a depressão. E um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade de Berna (Suiça) e publicado no dia 28 de maio no jornal online PLOS Medicine comprovou essa eficácia, ao avaliar terapias que envolvem conversa como sendo mais eficiente para o tratamento dessa doença emocional.
Os pesquisadores revisaram 198 estudos, que no total reuniram 15.118 pacientes adultos deprimidos. Sete tipos de psicoterapias foram avaliados nesse material, entre eles a terapia cognitivo-comportamental (TCC), interativa e a psicodinâmica. Eles perceberam que todas elas funcionavam de forma bem melhor do que os grupos de controle, que foram submetidos ao tratamento tradicional. Concluíram também que não há um tipo melhor do que o outro, apenas algumas que foram mais estudadas do que outras. Provavelmente o benefício está justamente no apoio e empatia que são passados nesse tipo de processo.
Portanto, a conclusão geral dos estudiosos é que os médicos considerem esse tipo de terapia como uma alternativa e ajudem os pacientes a escolherem individualmente qual seria o tipo mais adequado para eles. Para os pesquisadores, tudo depende do grau e da natureza da depressão, assim como do perfil do paciente, e muitas vezes uma combinação de diferentes técnicas pode ser o ideal para o paciente. A Organização Mundial de Saúde prevê que até 2030 a depressão será a doença mais prevalente no mundo, antes mesmo de problemas cardiovasculares e do câncer.
Atitude também é importante quando o assunto é depressão! Por isso, veja algumas alterações na rotina e práticas que é possível adotar para ajudar no tratamento dessa doença que está se tornando tão comum.
A saúde da mente começa pelo corpo. “O exercício físico libera endorfinas e aumenta os níveis de serotonina e dopamina, potencializando o efeito antidepressivo do tratamento”, explica a neurologista Thais. Além disso, o organismo só funciona adequadamente se estiver com o equilíbrio de fatores físicos, psíquicos e sociais. “Quando algum desses fatores é prejudicado ou beneficiado, os demais sofrem as consequências”, diz a psicóloga e terapeuta comportamental Denise Diniz, coordenadora do Setor de Estresse e Qualidade de Vida da Unifesp. Dessa forma, se o paciente com depressão consegue ânimo para se exercitar, também conseguirá melhorar questões psíquicas, tais como a depressão.
Uma das principais manifestações da depressão é a falta de iniciativa e de vontade para realizar até mesmo tarefas cotidianas, como levantar-se da cama. “Fazer uma agenda e programar o dia ajuda a dar motivação e compensar essa defasagem”, afirma Adriana de Araujo, psicóloga e autora do livro “O Segredo Para Vencer a Depressão” (Editora Universo).
No entanto, todo cuidado é pouco na hora de estabelecer as atividades do dia. Adriana conta que fica difícil para o paciente com depressão seguir a mesma rotina de antes da doença. A agenda deve ser realista, de acordo com a capacidade dessa pessoa. “Se os desafios estabelecidos não são cumpridos, a sensação de fracasso aumenta, piorando o quadro da doença”, alerta.
Comer demais ou simplesmente não comer é clássico de quem sofre de depressão. Mas manter a alimentação saudável é um passo importante para a recuperação. Thais Rodrigues explica que jejuns prolongados demais ou exageros alimentares modificam a química do corpo, em especial entre aqueles que abusam de carboidratos simples, como doces, em busca de conforto. “Isso provoca variações bruscas nos níveis de glicemia, insulina e serotonina”, diz a neurologista. O indicado pela especialista é comer a cada três ou quatro horas, preferindo carboidratos integrais e alimentos com triptofano, um aminoácido que ajuda na produção de serotonina. Exemplos desses alimentos são: leite, carnes magras, banana e nozes.
Embora a sensação inicial causada pelo álcool seja de relaxamento e euforia, o sentimento dura pouco. “Depois que esse efeito passar, a pessoa precisará consumir mais álcool, existindo o perigo do abuso e até do vício”, alerta a neurologista Thais.
“Quando você resgata uma coisa menor, torna mais fácil aproveitar coisas maiores”, aconselha a psicóloga Adriana de Araújo. Volte a observar as coisas simples do dia a dia, ou seja, tente admirar uma flor, o gosto de uma comida, apreciar uma caminhada de 10 minutos, olhar o pôr-do-sol, entre outras distrações. ?A depressão tira a atenção das coisas belas e prazerosas da vida, então você tem que reaprender a focar no que não consegue ver por causa da doença?, afirma a profissional.
A partir do momento que as pequenas belezas da vida estiverem mais evidentes, fica mais fácil recomeçar a encarar atividades que um dia já foram divertidas. Se isso não parece animador, então procure novas diversões. Busque novidades, aprenda coisas novas e prazerosas, viaje, fuja das notícias ruins e das pessoas negativas. “Evitar a exposição, na medida do possível, a informações negativas e aumentar as positivas ajuda muito”, aconselha a neurologista Thais Rodrigues.
Pessoas com depressão, geralmente, dormem demais ou não conseguem pegar no sono. Segundo a neurologista Thais Rodrigues, isso ocorre devido a alterações nos níveis de serotonina e noradrenalina, hormônios que regulam o sono. “O problema é que o sono é essencial para o cérebro regular novamente esses hormônios e amenizar os efeitos da depressão”, afirma. Se o problema for falta de sono, a psicóloga Denise indica exercícios de respiração, que relaxam e facilitam o adormecer. Se dormir demais for o problema, a psicóloga Adriana recomenda pedir a alguém próximo que o desperte quando achar que você está passando da conta.
Imagem de capa: Shutterstock/Africa Studio
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