Muitas vezes encontramos pessoas dispostas a cuidar de tudo e de todos, a qualquer hora, em qualquer lugar e sob qualquer circunstância. Guarda a dor no bolso e vai cuidar da dor do outro. Qual ferida esse curador esconde?

Dias e dias passados com aquele parente no hospital, vive cozinhando para várias pessoas, é sempre o primeiro a se oferecer para ajudar em um mudança de casa, na organização de uma festa, no cuidado com as crianças, é “pau pra toda obra”! É aquela mãe que vive só em função dos filhos; nada de fazer as unhas, arrumar o cabelo, comprar uma roupa nova. É mãe com dedicação exclusiva aos filhos. Tem também aquele que faz todo mundo rir, pois se preocupa em manter todos sempre com um alto astral. São pessoas que dedicam-se ao cuidado do outro. Você conhece alguém assim? Então esse texto é para você!

Que se dispor a cuidar das pessoas, dedicar-se, ser solícito, sejam atos admiráveis, disto não restam dúvidas. Estamos precisando de pessoas que se importam verdadeiramente com as outras, pois o mundo está lotado de pessoas egoístas e cheias de si. O problema é quando a dedicação ao outro é tanta que se esquece do cuidado de si mesmo. Além disso, quem precisa receber cuidados, precisa de alguém que esteja em boas condições física, psíquica e emocional. É preciso estar inteiro!

Quando o tempo está sendo ocupado sempre com o outro, deixa-se pouco ou quase nada de espaço para o cuidado consigo mesmo. Ao voltar-se o olhar para o externo, para o outro, desvia-se do olhar para dentro, para si mesmo. Então precisamos iniciar uma autoanálise: O que não pode ser visto? Há algo em mim que estou evitando? O que em mim é tão difícil de encarar? São perguntas que devem ser feitas para que se possa analisar como está sendo o cuidado com a própria vida. Essa vida tão única e passageira.

Por mais que a vida do outro seja muito importante, a própria vida também é. A própria ferida precisa ser cicatrizada. A realização pessoal, a felicidade, o bem-estar, não podem depender apenas do riso do outro, do conforto do outro, da qualidade de vida só do outro. Quando o outro se vai (e as pessoas vêm e vão), precisamos nos perguntar: O que resta de mim? O quanto de mim pode ser preservado? Cuidado? Qual é a minha identidade? Do que eu gosto, minha música preferida, o meu prato especial, meu filme favorito, meu passatempo aos finais de semana… Tudo isso são modos de saber quem somos, do que gostamos e qual a forma que sentimos que estamos cuidando de nós.

Em síntese, precisamos refletir: Gosto de cuidar do outro; isso eu já sei fazer bem. Agora preciso aprender a cuidar de mim, a gostar de mim, a me olhar, a me tratar com carinho e com respeito, a me amar. Eu tenho esse direito!

Imagem de capa: Shutterstock/Alexey Yuzhakov

Bárbara Farias

Psicoterapeuta de orientação psicanalítica, possui especialização em Psicologia Hospitalar, com ênfase em Oncologia (FCM-UNICAMP) e é mestranda no programa ICHSA (FCA-UNICAMP), tendo a morte como tema de pesquisa. Administradora da página Por que você se foi? -Falando sobre a morte.

Recent Posts

Mulher é internada na UTI e precisa de hemodiálise após fazer escova progressiva

Adrielly Silva precisou passar por hemodiálise após reação a substância química usada no alisamento; especialistas…

18 horas ago

Novidade na Netflix: Série com Morgan Freeman e Nicole Kidman é de tirar o fôlego!

A série que ninguém esperava, mas todo mundo vai comentar. Prepare-se para o novo fenômeno…

22 horas ago

Se você apresenta estes 5 comportamentos, as pessoas te consideram MUITO inseguro

Alguns hábitos sutis podem estar sabotando sua imagem profissional — e você talvez nem perceba.

2 dias ago

Fim da jornada de 8 horas? Elon Musk quer que todos trabalhem sem folga

Bilionários da tecnologia propõem cargas horárias extremas em meio à corrida pela inteligência artificial, ignorando…

2 dias ago

37 frases típicas de pessoas rudes e emocionalmente imaturas. Será que você as utiliza?

As palavras dizem muito mais sobre você do que você imagina.

3 dias ago

O suspense da Netflix que dominou o TOP 10 e intriga o público até hoje

O filme polonês Assalto Brutal, lançado na Netflix em 16 de outubro de 2024, é…

4 dias ago