Vamos iniciar a nossa reflexão com o insight desta frase de Martin Luther King Jr, que foi um pastor e ativista político, um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e no mundo. Ele criou uma campanha de não violência e de amor ao próximo.
As notícias publicadas pelas diversas mídias evidenciam a presença do ódio, em que a vida diária é afetada por desavenças, agressões e assassinatos, etc. Esse pêndulo entre ódio e amor se revela na tensão entre a vida e a morte, entretanto, o sentimento de ódio é um fardo para quem odeia e gera sofrimento aos outros.
O amor é o ódio são estados afetivos e forças antagônicas. Porém, em nossa época atual, corremos o risco de apenas uma força destruir a outra. O ódio é uma condição perturbadora, que dá trabalho para colocar a “máquina do mal” em funcionamento, com a finalidade de vingar-se de quem discorda de suas ideias e paixões.
Por isso, que o budismo entende que o ódio é um vício mental que tem sua gênese em um sentimento de fraqueza. Ele ocorre em situações onde certos sujeitos não toleram pensamentos contrários, e assim nutrem sua raiva para sentirem-se mais fortes, no sentido de eliminar os adversários.
O cristianismo na mesma direção afirma que ódio é um sentimento poderoso, que se põe ao lado dos outros demônios da alma, por exibir um alto grau malignidade. A bíblia diz que se eu amo a Deus, mas odiar meu irmão é sou um mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
Em grego se distingue três tipos de amor Eros, Philos e Ágape. A pulsão de vida nunca vem sozinha, mas vinculada a essas dimensões afetuosas, que nos animam a enfrentar os domínios do mal. Pois amar é cuidar e querer estar junto: a Deus, a família e a comunidade, reunindo-se na benquerença corpórea, espiritual e intelectual.
Aliás, o amor é um sentimento mais contagioso e incondicional do que ódio na definição cristã e budista. Jesus e Buda vieram ao mundo, como propósitos éticos e espirituais semelhantes, e anunciaram que devemos amar os nossos inimigos e orar por aqueles que nos maltratam.
Esse é um caminho difícil em nossa modernidade líquida, mas não é impossível, porque têm pessoas que fizeram uma escolha por tais princípios e acreditam que quando o amor habita em nosso coração ficamos mais felizes e confiantes.
Então, precisamos dessa resistência autoconfiante para se objetar as manifestações de ódio, que se ramificam de forma patológica nas relações humanas e virtuais, que pode ser neutralizada pela perseverança do amor, que atua sem demagogia para defender os nossos direitos de pensar, falar e agir.
Portanto, a melhor estratégia para barrar o ímpeto do ódio são as campanhas de não violência, como nos ensinou o pastor Luther King, para conseguir que os governos representem a vontade coletiva, em vez de impor projetos irracionais e obsoletos.
Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista
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