Por Rodrigo Borges
Eu não discuto mais pela internet. No começo dessa conexão virtual constante à qual estamos submetidos, enxerguei as mídias sociais também como a oportunidade de debater assuntos sérios e compartilhar pontos de vista distintos para, quem sabe, evoluir em conjunto com a rapaziada da web. Entretanto, a coisa ficou feia.
De alguma forma, discutir entre amigos (ou pior, entre desconhecidos) à frente de uma tela transforma as pessoas. O cara pode ser a pessoa mais afável e inofensiva pessoalmente, mas se porta como um dos cavaleiros do apocalipse ao digitar respostas a um post. Por isso, eu parei. Não é da minha natureza agredir outras pessoas e eu fico me policiando para evitar que isso aconteça. Nem sempre consigo, mas acho que tenho um bom aproveitamento. De qualquer forma, sigo existindo na internet com meus perfis, porque obtenho diversos benefícios, desde informação atualizada sobre o mundo a amenidades divertidas de amigos.
E também posto mensagens na expectativa de me conectar com o mundo. Entretanto, vez ou outra, compartilho algo que pode ser considerado polêmico, controverso ou ofensivo por alguém. E, nesses momentos, há quem manifeste sua discordância. Em princípio, isso seria muito legal: a conexão entre duas pessoas que pensam de forma diferente e podem aprender com pontos de vista opostos e, quem sabe até (sei que estou sendo otimista demais) chegar a um consenso. Mas a realidade é mais dura que isso.
Minha primeira reação é refletir e antecipar a confusão que será se eu responder a mensagem de forma a dar margem para aumentar a distância que já se estabeleceu entre mim e o comentarista. Passado o sentimento, escrevo algo tentando compreender o outro lado, mas, obviamente, explicando meu ponto de vista. Infelizmente, muitas vezes isso não é o bastante e a próxima mensagem que recebo praticamente desconsidera o que escrevi. Este é o sinal, senhoras e senhores: é preciso abortar a missão. Caso seu interlocutor seja um amigo, sugiro manter a amizade. Caso seja um desconhecido, sugiro manter a sanidade.
É hora da curtida escarlate, a #curtidadapaz. A estratégia é simples: curta o último comentário do cavaleiro apocalíptico. Não importa o absurdo que foi dito. Sim, é preciso calma, mas é para isso que estamos aqui. Respire fundo e clique naquele joinha ou coração vermelho sem medo de ser feliz. Ele equivale a um “beleza, deixa eu ir fazer uma negócio ali”. Quase que por um passe de mágica, o vortex da insanidade no qual você havia se metido sumirá do espaço-tempo, deixando apenas registros da batalha de egos, que desaparecerá da sua timeline em seguida aos próximos posts que você publicar.
É bem possível que seu ego lhe pergunte se, ao curtir o post do coleguinha, isso quer dizer que você perdeu o debate. Pessoas de personalidade forte ou inseguras terão bastante dificuldade com isso. Mas, se você não consegue deixar um debate de mídias sociais insano de lado para fazer algo certamente mais valioso, talvez seja hora de reavaliar alguns conceitos.
É claro que a técnica não é infalível e há pessoas carentes ou com tempo livre suficiente para resistir à curtida escarlate. Mas vale tentar. <3
TEXTO ORIGINAL DE BRASILPOST
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