A subjetividade humana permite que cada indivíduo tenha uma resposta única para situações comuns à vários outros indivíduos. Logo, não existe uma causa geral para compreender todos os comportamentos, pois cada um terá uma resposta diferente que vai depender da história de vida do indivíduo, da sua educação, dos seus sentimentos, dos seus conflitos infantis… A confiança por exemplo, para alguns ela é facilmente estabelecida em uma relação, já para outros ela é um desafio para o desenvolvimento de vínculos afetivos.
Temas como desconfiança são recorrentes, porém é importante analisar se ela é situacional (um evento específico – neurose), ou se ela é constante (alerta permanente – psicose). Partindo do ponto de vista psicanalítico, a neurose é decorrente de tentativas ineficazes do ego lidar com conflitos e traumas inconscientes, o que acaba limitando as respostas do indivíduo quando encontra-se frente à eventos que geraram ou que lembram os traumas. Exemplo: Fui traída pelo meu ex esposo, logo tenho dificuldades de me relacionar novamente com um outro homem porque tenho medo de novamente ser traída – dificuldade em confiar.
É importante analisar a origem da desconfiança, compreender os motivos que sustentam o medo de se entregar, para então elaborar os traumas que a sustentam e construir novas formas de se relacionar. Ás vezes o sentimento que sustenta a desconfiança pode se confundir com o medo de ser “abandonado”, com o medo de se frustrar com relação ao outro, com o medo de entrar em contato com sentimentos de inferioridade…
Porém, não somente devido a formação de um trauma inconsciente, a desconfiança pode ter um motivo real também e isso ocorre quando existem evidências de que o outro não demonstra comprometimento com a relação, ou que não age de acordo com o que fala, quando ele não respeita você e a própria relação…
Saindo do campo da origem das neuroses e dos processos inconscientes, vemos que a desconfiança pode ter relação com o modo como o indivíduo se coloca em um relacionamento. Você já analisou como se configura esta relação onde existe a desconfiança da sua parte? Não? Que tal fazer isso para identificar o que é real e o que é “neurótico” e se reajustar conforme as suas descobertas?
*Você sabia que a desconfiança pode ser originada pela dificuldade de colocar limites?
Quando somos muito permissivos em nossos relacionamentos, e passamos a aceitar todo e qualquer comportamento do outro embora este nos afete negativamente, estamos enviando as seguintes mensagens à ele e à relação: “Eu permito que você ultrapasse os meus limites/ Você é mais importante que eu nessa relação/ Eu aceito me prejudicar para vê-lo satisfeito com aquilo que você quer”.
Logo, ao sermos permissivos acabamos nos desrespeitando, e o outro indivíduo envolvido na relação indiretamente também passará a nos desrespeitar, pois se eu permiti que ele fizesse determinada situação, ele entenderá que está tudo bem em continuar reproduzindo esta situação, e a tendência é de ampliar os seus direitos a ponto de conseguir controlar você. Exemplo: Eu permiti que o meu funcionário chegasse atrasado nos dias em que tem prova na faculdade. Contudo essa permissão prejudica o funcionamento da empresa, e tenho percebido que ele agora está se atrasando todos os dias sob a justificativa das várias atividades que tem que fazer na faculdade. Como vou confiar nele?
Bem, neste caso fica evidente que a dificuldade de confiar é proporcional à dificuldade de colocar limites na relação, e que esta pode ter uma origem no medo de desagradar (que é assunto para outro post). Uma vez identificada a origem da desconfiança fica mais claro a possibilidade de modificar a situação, de perceber a minha responsabilidade neste processo e definir estratégias parareestruturar a relação.
Portanto, se questione, separe um tempo para se analisar e observar quais sentimentos tem contribuído para o desenvolvimento de comportamentos negativos, e assim, poder ajusta-los. Um psicólogo clínico é o profissional capacitado para lhe auxiliar nesta busca pelo autoconhecimento, e por uma melhor qualidade de vida.
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