Nativos digitais desde cedo mergulham na velocidade da internet banda larga. Mas, na vida, não basta um clique para as coisas acontecerem. Um dos temas que mais atormentam os pais é ver os filhos com dificuldade de esperar, de ouvir “agora não” ou “pare de jogar porque é hora de dormir”.
“Quer ver um vídeo engraçado”? – pergunta o menino para a mãe que insiste em dizer que é hora de tomar banho. O fascínio pelos “youtubers” ressalta o desejo de entretenimento perene. Como se motivar para fazer as tarefas escolares ou estudar para as provas? “Eles não respeitam a empregada e a gente trabalha o dia inteiro. Não sei o que fazer para limitar o uso da internet” – lamenta-se a mãe.
“Mas vocês usam o celular até tarde. Se vocês podem, por que a gente não? Temos os mesmos direitos”! – argumenta o filho que ainda nem chegou à adolescência. Difícil perceber a relação entre conquistar mais direitos na medida em que se tem maior carga de responsabilidade e de deveres. É grande a resistência a cumprir ordens e os questionamentos são incessantes: “Por que tenho que fazer o que você manda”? “Eu sou o dono da minha vida”! “Não vou fazer, e daí”?
Muitos pais, acuados diante da força do desejo dos filhos imediatistas, sentem-se sem recursos de ação. “Minha mãe me batia, mas não quero fazer isso com meus filhos”; “Bastava um olhar duro do meu pai e eu me recolhia, agora eu não sei o que fazer quando meus filhos me enfrentam”.
Educar dá trabalho. O processo de entender que nem sempre podemos fazer o que queremos na hora em que desejamos é longo e, muitas vezes, penoso. Limites claros, consistentes e repetidos são necessários, aplicar as consequências devidas quando os combinados não são cumpridos é indispensável. A autoridade parental (que não deve ser confundida com autoritarismo) exercida com firmeza e carinho oferece segurança e contenção para a força dos desejos que tantas vezes transbordam as fronteiras do razoável.
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