“E as perguntas continuam sempre as mesmas; quem eu sou? da onde venho? e aonde vou, dá?” – Raul Seixas
Vamos iniciar “limpando a mente” do sentido comum da palavra ‘reclamar’, onde aquela/e que reclama é a/o chata/o, a/o que está de ‘mimimi’. Vamos falar em reclamar no sentido de opor-se por meio de palavras reivindicando aquilo que você merece, e aqui a pergunta irá além; o que você se permite merecer?
Por que muitas vezes é tão difícil posicionar-se, por exemplo, diante de um atraso da/o colega para um almoço, sendo que você chegou no horário, ou da grosseria de uma/um atendente? Até onde você acredita que tal tratamento é o que você merece?
Há também um sentimento de culpa por trás de tudo, considerando que o reclamar te tira daquela imagem de boazinha/bonzinho, que foi ensinada como certa desde a infância, mas o ponto em que quero chegar aqui é outro; o sentimento de não merecimento.
O não merecimento do respeito da/o colega que chega atrasada/o mesmo sabendo que você é pontual nos seus compromissos; O não merecimento de um bom atendimento, mesmo quando você foi educada/o com a pessoa; O não merecimento de comer a comida que gosta, “Ah, entregaram errado, tudo bem, não vou pedir para trocar”, e por aí vai.
Acontece que muitas vezes é difícil se achar merecedora/or de algo bom, e o motivo está ligado a história de vida de cada uma/um.
E o que fazer?
É preciso criar o hábito de reclamar, e para isso é importante enxergar-se merecedora/or e apropriar-se daquilo que é seu por direito. É claro que falar é sempre mais fácil do que fazer, mas a prática poderá te levar a agir com naturalidade nos momentos em que de alguma forma você se sentir lesada/o.
Vale a pena fazer um pequeno exercício antes; pergunte-se o porquê de estar sendo tão difícil, e até onde aquilo incomoda e é importante para você. Pergunte-se também se você se acha merecedora/or daquilo, e independente da resposta ser sim ou não, pergunte a si mesma/o o porquê.
Reivindicar por algo enquanto não se acha merecedora/or, poderá trazer um sentimento de culpa, mas um sentimento de culpa natural e que poderá ser trabalhado.
Lembre-se também da importância de não ser injusta/o com a/o outra/o, pois a ideia é que você se sinta bem apropriando-se daquilo que é seu por direito, mas sem ferir de alguma forma o que é de direito da outra pessoa, ou colocando a própria vida em risco.
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