Em 1945, uma jovem judia chamada Ilse estava grata por estar viva. As tropas russas tinham acabado de libertar uma prisão em Berlim, na Alemanha, onde Ilse foi mantida como prisioneira de guerra por quase dois anos. Ela foi presa em 1943 depois de pular bravamente do trem veloz que a levava para Auschwitz, o mesmo campo de concentração nazista que logo ceifaria a vida de sua mãe e duas de suas irmãs.
Em 18 de julho de 1945, a mulher libertada estava aceitando o fato de que seu marido e a maioria de seus familiares haviam perdido a vida nos campos de concentração. Oprimida pela tristeza, ela escreveu uma carta para o único membro da sua família que ainda estava vivo, sua irmã Carla. Antes do início da guerra, Carla teve a sorte de escapar para a Grã-Bretanha e, eventualmente, para os Estados Unidos.
Um trecho da carta, traduzido do original em alemão, diz:
“Pela bondade de nossos libertadores, posso dar-lhe um sinal de vida meu depois de tantos anos… Papai, mamãe, Grete, Lottchen e Hermann: ninguém mais está vivo. Minha dor é indescritivelmente grande. Meu marido, com quem me casei há 3,5 anos, também foi tirado de mim! … Quando houver uma conexão de correio normal, contarei tudo em detalhes.”
Carla nunca recebeu a carta, mas em 1948, Ilse finalmente foi para Nova York para começar sua nova vida. Ilse casou-se novamente, mas nunca teve filhos, e era amada por sua família até falecer em 2001.
Nos últimos 75 anos, ninguém soube o paradeiro da carta que ela escreveu. Em 2021, no entanto, uma decoradora de interiores e “detetive de herança” chamada Chelsey Brown conseguiu localizar a carta em um brechó de Nova York. A correspondência caiu nas mãos da pessoa perfeita!
Nos últimos anos, Chelsey vem vasculhando lojas de antiguidades e mercados de pulgas na esperança de encontrar pequenos tesouros de família que foram perdidos. Usando suas habilidades de genealogia e software, ela rastreia todos os membros vivos da família e devolve esses objetos de valor sentimental aos seus legítimos proprietários. Ela já reconectou mais de 200 artefatos com os descendentes de seus donos originais.
Através de sua pesquisa, Chelsey descobriu que o marido de Carla, Siefried, tinha um irmão chamado Ludwig. Ela conseguiu rastrear a neta de Ludwig, Jill Butler, que na verdade cresceu conhecendo e amando Ilse! Jill ficou emocionada ao receber a carta e reviver o legado de bravura de sua tia-avó diante de um mal indescritível.
“Todos nós amamos nossa tia-avó Ilse e estamos muito emocionados ao ler seus pensamentos em sua própria caligrafia depois que ela emergiu das profundezas do inferno europeu”, escreveu Jill para Chelsey, acrescentando que toda a sua família está “incrédula” do trabalho dela.
“A primeira reação de quase todo mundo foi pensar ‘Isso é uma farsa?’. Mas, rapidamente, a desconfiança se transformou em perplexidade com a dedicação altruísta da detetive em devolver heranças sentimentais am suas famílias”, continuou Jill. “Que Deus abençoe seu nobre trabalho e que você receba muitas bênçãos em troca de tudo o que faz por famílias como a minha.”
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Inspire More.
Fotos: Reprodução/Chelsey Brown.