Por Mariana Poubel
As pesquisas em Psicologia narram a respeito de fatores de risco e de proteção para a criança e o adolescente ao longo de seu desenvolvimento até a fase adulta. Destaca-se que o intercâmbio entre esses fatores pode aumentar a probabilidade de dificuldades comportamentais, como por exemplo interações sociais ou identificação e expressão emocional.
Os fatores de risco são listados como sendo: violência doméstica (violência física, negligência e violência psicológica, inclusive exposição à violência conjugal) e violência sexual. Já os fatores de proteção podem ser classificados em: atributos disposicionais da criança, características da família e fontes de apoio individual ou institucional disponíveis para a criança e a família (Maia & Williams, 2005).
Se partirmos dessa análise já bem estabelecida sobre o desenvolvimento humano e buscarmos um paralelo para a conjugalidade, talvez possamos estabelecer alguns pontos considerados “de risco” para o desenvolvimento e manutenção da relação, bem como “fatores de proteção” para a mesma.
A primeira dimensão importante a ser destacada é que a conjugalidade contém duas individualidades e uma conjugalidade, ou seja, a dinâmica que une e ancora dois sujeitos em uma relação (conjugalidade) não exclui suas histórias de vida, seus anseios, projetos, aprendizados e dificuldades comportamentais. (Alves-Silva, Scorsolini-Comin, dos Santos, 2016)
Poderíamos citar como um primeiro fator de risco o acúmulo de conflitos não resolvidos, que podem gerar um processo cíclico de afastamento, pouca resolutividade e intensificação de desentendimentos em frequência e/ou intensidade, podendo chegar a níveis de agressividade verbal ou física. (Alves-Silva, Scorsolini-Comin, dos Santos, 2016)
Outro ponto de afastamento se refere a falta de tempo para o parceiro e/ou muito tempo dedicado ao trabalho. As consequências desse processo influenciam tanto o tempo dispendido juntos para lazer, expressão de afeto e carinho, bem como dificultam a comunicação entre os parceiros.
Poderíamos considerar como um primeiro fator de proteção o investimento na relação para que a mesma continue sendo satisfatória e reforçadora para ambos ao longo dos anos. Como exemplo poderíamos citar pequenas ações diárias, curtas e simples, mas que representem o cuidado com o outro e com a relação, espelhando um equilíbrio entre as individualidades e a conjugalidade.
Outro fator importante é a vivência de uma zona comum de interação entre os cônjuges, ou seja, a possibilidade de investirem e desenvolverem projetos em comum, que pode os ensinar sobre divisão de tarefas, utilização de habilidades individuais, expressão de afeto, ou mesmo resolução diante de conflitos.
Casais que foram pesquisados sobre os motivos para permanecerem juntos após longos anos de união narraram que a relação afetiva e a tomada de decisões em conjunto também são fatores importantes, e nesse sentido, poderíamos considerá-los como fatores protetores do relacionamento. (Alves-Silva, Scorsolini-Comin, dos Santos, 2016)
Obviamente a durabilidade e satisfação do relacionamento conjugal envolve um trabalho contínuo e efetivo dos cônjuges e não se trata de uma equação matemática ou uma receita de bolo do que deve ou não ser feito. Se trata de um fluxo contínuo de acontecimentos que demanda do casal investimento e flexibilidade para se reinventar ao longo do tempo buscando estratégias tanto para a promoção de saúde e bem-estar (fatores de proteção) como para a minimização de fatores que os afastem (fatores de risco).
Referencias Bibliográficas
Alves-Silva, J.D., Scorsolini-Comin, F., dos Santos, M.A. (2016). Conjugalidade e casamentos de longa duração na literatura científica. Contextos Clínicos, vol.9(1), São Leopoldo
Bush, D.A., Bush, A.D. 75 hábitos dos casais felizes. Rio de Janeiro: Sextante, 2015
Maia, J.M.D., Williams, L.C.de A. (2005). Fatores de risco e fatores de proteção ao desenvolvimento infantil: uma revisão da área. Temas psicol.vol.13(2). Ribeirão Preto
Imagem de capa: Shutterstock/Siberia Video and Photo
TEXTO ORIGINAL DE COMPORTE-SE
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