A felicidade é para ser sentida e não ingerida

A medicação utilizada por pacientes que sofrem de transtornos emocionais auxilia na supressão dos sintomas diante de um diagnóstico de depressão, de ansiedade, de compulsão e tantos outros que existem por aí. Porém, o medicamento elimina temporariamente o sofrimento e, tão logo termine seu efeito, o paciente volta a sentir o mal estar. Corre-se o risco de tornar-se dependente do medicamento, que nada mais é do que uma droga lícita que regula as funções cerebrais. Sem falar nos efeitos colaterais e na necessidade de se tomar um segundo medicamento para amenizar os efeitos do primeiro.

Não estou defendendo o abandono do uso de medicamentos, que se faz necessário em casos de transtornos severos mas, acredito que é necessário repensar os limites do que é considerado “normal” e patológico, incentivando o paciente a acreditar na SUA própria capacidade de resiliência e superação, a dedicar mais TEMPO A SI MESMO, a ter mais CONTATO HUMANO, e assumir a SUA responsabilidade em CUIDAR DE SI.

Tomar medicamentos é apenas uma parte do tratamento, ou seja, é remediar o sintoma, TRATAR O MAL ESTAR. Muito diferente disso é lidar com aquilo que falta e PROMOVER O BEM ESTAR.

É claro seria ótimo se todo psiquiatra tivesse a consciência de, também, encaminhar seus pacientes para um psicólogo, MAS nossa realidade é um pouco diferente e vemos muitos profissionais se limitando a fornecer uma receita médica. Talvez isso aconteça principalmente em razão do oportunismo da indústria farmacêutica, que cada vez mais “cria” problemas mentais e pílulas mágicas que o solucionem. E, também, da cultura imediatista na qual os pacientes estão imersos, desejando uma solução rápida, indolor e artificial para tudo.

Sabemos que enfrentar as inúmeras preocupações cotidianas não é tarefa fácil e que produzir mudanças nos padrões que viemos repetindo ao longo da vida é algo muito trabalhoso. Ainda mais vivendo em uma cultura que nos pressiona a BUSCAR A PERFEIÇÃO (corpo, status, tecnologia, etc), tentando a todo tempo eliminar afetos que são básicos em todo ser humano como a TRISTEZA e a ANGÚSTIA.

Pesquisas apontam resultados positivos aos que conciliam a medicação com a psicoterapia.

Um processo de psicoterapia atua nos valores pessoais do sujeito, na filosofia de vida de cada um, com o objetivo de se favorecer a COMPREENSÃO DOS CONFLITOS internos e MODIFICAR A POSTURA do paciente perante a sua vida.
O AUTOCONHECIMENTO é a base para que o paciente entenda o que está acontecendo com ele e produza forças para enfrentar e solucionar as questões que o atormentam e ACEITAR-SE IMPERFEITO.

Acredito que, mais do que ANESTESIAR A DOR de viver é importante adquirir a capacidade de SENTIR AS COISAS E AS PESSOAS na busca de encontrar a tão sonhada FELICIDADE, que afinal de contas é para ser sentida e não ingerida através de medicamentos.

Audrey Vanessa Barbosa

Psicóloga clínica de abordagem psicanalítica na cidade de Limeira-SP; possui Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela FCA- UNICAMP; ministra palestras com temáticas voltadas ao desenvolvimento humano. Também possui formação em Administração de Empresas e experiência na área de RH (Recrutamento & Seleção e Treinamento e Desenvolvimento).

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