O impactante Simón de la Montaña, o diretor estreante Federico Luis Tachella nos conduz a uma jornada de descobertas emocionais e questionamentos identitários. O filme estreou na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024, onde conquistou o Grande Prêmio, um reconhecimento à profundidade de sua narrativa e à sensibilidade com que aborda temas universais de pertencimento e acessíveis.
A trama acompanha Simón (Lorenzo Ferro), um jovem de 21 anos que decide se juntar a um grupo de pessoas com deficiência em uma peregrinação espiritual. Embora não tenha nenhuma deficiência, ele rapidamente é aceito pelo grupo, especialmente por Pehuén (Pehuén Pedre), com quem desenvolve uma amizade que desafia preconceitos e barreiras emocionais. Porém, conforme Simón se aprofunda nessa nova dinâmica, surge um dilema ético: ele considera falsificar um certificado de deficiência para permanecer ao lado do grupo e, eventualmente, acessar benefícios estatais.
O roteiro, assinado por Tachella, oferece um olhar delicado e não convencional sobre a necessidade humana de pertencimento. Longe de ser um estudo moral didático, o filme mergulhado em zonas cinzentas, explorando a complexidade dos relacionamentos humanos sem emitir julgamentos categóricos.
Lorenzo Ferro, conhecido por seu trabalho em O Anjo (2018), entrega uma performance contida, mas profundamente comovente, que capta as nuances de um jovem perdido em sua busca por identidade. Ao seu lado, Pehuén Pedre e Kiara Supini brilham em papéis que, embora menos explorados, conferem modernidade e profundidade à narrativa.
A cinematografia de Simón de la Montaña é outro destaque. As paisagens rurais e as estradas sinuosas capturadas pelas lentes do diretor de fotografia transformam o ambiente em um personagem à parte, refletindo as incertezas e os contrastes internos de Simón. A trilha sonora minimalista contribui para a atmosfera introspectiva, guiando o espectador a um estado de contemplação.
No entanto, o filme não é isento de críticas. O ritmo lento pode afastar espectadores menos inclinados a narrativas reflexivas, e alguns arcos secundários carecem de maior desenvolvimento, deixando questões em aberto.
Em última análise, Simón de la Montaña é uma obra marcante que convida o público a refletir sobre as linhas tênues entre empatia, pertencimento e oportunismo. Com uma abordagem sutil e atuações inspiradas, Federico Luis Tachella se firma como uma voz promissora no cinema contemporâneo.
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