Em uma tendência alarmante, dois dos nomes mais influentes do setor de tecnologia mundial — Elon Musk, da Tesla e X (antigo Twitter), e Sergey Brin, cofundador do Google — reacenderam o debate sobre os limites da produtividade ao defenderem jornadas de trabalho que ultrapassam, e muito, as tradicionais 40 horas semanais.
As declarações polêmicas reacendem preocupações sobre os direitos dos trabalhadores e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional em pleno século 21.
Elon Musk sugere jornada de 120 horas semanais no DOGE
Conhecido por seu estilo de gestão agressivo, Elon Musk propôs que os funcionários do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), órgão ligado à administração Trump, trabalhem 120 horas por semana — o equivalente a 17 horas diárias, sem folga.
Em publicação recente na plataforma X, Musk afirmou que os trabalhadores do DOGE deveriam superar os “opositores burocráticos” do funcionalismo público tradicional. Para além da fala, o DOGE divulgou uma convocação pública em novembro, buscando candidatos com “QI muito alto” dispostos a trabalhar mais de 80 horas por semana sem remuneração.
Sergey Brin defende 60 horas semanais para equipe de IA
Sergey Brin, que voltou ao Google em 2023 para liderar a área de inteligência artificial, também defendeu jornadas prolongadas. Em um memorando interno vazado pelo The New York Times, ele sugeriu que os funcionários que desenvolvem o projeto Gemini trabalhem 60 horas por semana.
Para Brin, essa carga horária seria o “ponto ideal da produtividade”. O executivo ainda criticou colegas que atuam abaixo dessa média, classificando-os como “improdutivos” e “desmoralizadores para os demais”.
Corrida pela AGI pressiona limites humanos
As propostas vêm em meio à acirrada disputa pelo desenvolvimento da Inteligência Artificial Geral (AGI) — tecnologia que promete equiparar (ou superar) as capacidades cognitivas humanas.
“Estamos na corrida final pela AGI”, escreveu Brin. A meta do Google, segundo ele, seria “sobrealimentar” os esforços para vencer a concorrência, que inclui gigantes como Microsoft, Meta e OpenAI.
Especialistas alertam para riscos à saúde e retrocessos sociais
A defesa de jornadas exaustivas contrasta com estudos recentes que relacionam o excesso de trabalho a problemas de saúde mental e física, queda de produtividade, conflitos familiares e até aumento no risco de morte.
O mais preocupante, segundo especialistas, é que as propostas partem de bilionários cujas empresas têm recursos para ampliar equipes — mas que, nos últimos anos, optaram por demitir milhares de funcionários em cortes massivos.
Produtividade não deve custar a saúde dos trabalhadores
O discurso de Musk e Brin levanta um alerta global sobre o futuro do trabalho na era da inteligência artificial. Enquanto a tecnologia avança, o desafio das empresas será encontrar um equilíbrio entre inovação e respeito à dignidade humana.