Com o passar do tempo, a gente vai percebendo as tramas da vida e ela – a vida – vai se tornando mais fluida. Amadurecer é um processo doloroso, pois diz respeito a transformações. A vida a cada dia vai nos mostrando que essas metamorfoses se dão através de situações dolorosas, mas sem as quais não alcançaríamos esse ponto ou demoraríamos consideravelmente mais tempo. A gente vai aprendendo a se desapegar de certas coisas que nós queremos manter fixas, pois estamos entendendo que a vida tem um fluxo e nada consegue detê-lo.
De igual modo, vamos aprendendo a aceitar que situações desagradáveis acontecem, querendo nós ou não. Pois, tanto esses apegos quanto essas aversões nos fazem sofrer, pois o tempo passa e a vida acontece. Então, mediante a compreensão de tantas realidades vamos aprendendo a viver e tornando a própria vida mais vivível para nós mesmos. Porque, parafraseando Gabriel Chalita, amadurecemos quando aprendemos a viver.
Esse amadurecimento, que diz respeito a saber viver, tem muito mais relação com o fato de como você lidou com as experiências e refletiu sobre elas do que com idade cronológica. Isto é, eu aprendo realmente com aquilo que absorvo das minhas experiências pessoais do que com qualquer outra realidade apenas teórica. A vida tem muito a me ensinar, porém se eu me colocar numa posição de abertura para o aprendizado.
Na maior parte do tempo a gente aprende mais através de momentos dolorosos. Todos nós sabemos que esses momentos de dor são os que mais colhemos frutos, porém é fato que ninguém gosta de passar por isso, afinal, dói! Sempre me pergunto por qual razão o sofrimento tem um poder tão pedagógico. Curioso que aprendamos mais nas lágrimas do que no parque. Talvez porque com os olhos molhados conseguimos enxergar realidades que nossa visão não alcançaria com os olhos secos. Por outro lado, o sofrimento pode ter por vezes o poder de nos levar a olharmos para dentro, e é conhecendo dentro de mim mesmo que o mundo se revela. É um paradoxo: quanto mais olho para dentro de mim mesmo, mais eu compreendo fora.
Portanto, olhando para dentro de nós mesmos, tirando significados das nossas experiências, aprendendo a lidar com o que passa e o que vem, vamos pouco a pouco crescendo. Felizmente ou infelizmente, é difícil imaginar um processo de amadurecimento, de crescimento pessoal, sem a realidade da dor, das lagrimas, do lamento. Porém o que vai me amadurecer é o que vou apreender disso tudo. Por isso, faço das palavras de Gabriel Chalita as minhas: “O tempo nos empresta sabedoria se assim o quisermos.”
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