COLABORADORES

A gente precisa ser mais gostável

“Eu sou chata mesmo e as pessoas tem que gostar de mim desse jeito.”

“Todos, lá em casa, já sabem que sou neurastênica. Então, não podem reclamar”

“Quem quiser se relacionar comigo, tem que aturar as minhas chatices”

Ouço algumas pessoas pronunciarem essas, e outras frases do tipo, e me pergunto, será? Será mesmo que nós temos que gostar e aceitar as chatices e os destemperos alheios, sempre e sem reclamar? Será que é assim que as relações – sejam elas quais forem – devem funcionar: todo mundo aturando tudo do outro, sem que ninguém empreenda o mínimo de esforço para ser uma pessoa um pouco melhor?

Obviamente que não se trata de negar que nos relacionamentos, em certa medida, temos que ser tolerantes com os defeitos alheios. Até porque, nós também os temos.

Mas tudo tem limite. Entender que o outro não é perfeito não significa que devemos e temos que suportar tudo.

Se eu tivesse que fazer uma lista de minhas prioridades de vida, certamente agradar aos outros, não seria a primeira delas. Mas, desagradar a muitos, também não.

E vai aqui uma pessoal distinção entre agradar e ser agradável.

Agradar aos outros, pode nem sempre ser bom. Por outro lado, ser agradável é maravilhoso. Ou seja, nem sempre uma coisa é sinônima da outra. Agradar, muitas vezes pode significar abdicar de suas prioridades, do que você gosta, de quem você é. Pode ser, por exemplo, fazer tudo que os outros querem para ser “aceito”.

Ser agradável é ser simpático. Ser educado, cortês, gentil. É sorrir com mais frequência (sim, isso mesmo, sorrir com mais frequência, porque o sorriso é algo muito poderoso. Mas isso já assunto para um outro artigo…), e até mesmo exercitar a empatia.

É também ter consciência de que os outros, não são responsáveis por nossas agruras, problemas, frustrações. E, portanto, não devem pagar por elas. Ser gostável é ser a melhor versão de nós mesmos. Sem exageros, falsidades. Apenas dando ao outro o que gostaríamos de receber.

É entender que toda e qualquer relação se faz na base da mão dupla: eu dou para receber. E, só para deixar claro, esse “dar e receber”, não se trata de um jogo de interesses, mas de um escambo, onde a troca é justa e mercadoria valiosa. Então, sejamos mais gostáveis. Por nós, pelos outros e por um mundo melhor, mais acolhedor, mais humano e afetuoso. Não custa muito, mas vale muito a pena.

Vamos tentar?

Imagem de capa: Shutterstock/Sjale

Jackeline Barros

Graduada em Letras pela faculdade FUNESO/UNESF - Olinda - PE Especialista em Gestão de pessoas pela FCAP/UPE - Recife - PE Leciona para jovens e adultos. Dá palestras. Duas áreas de grande interesse: comunicação e comportamento humano.

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