Em dezembro de 2019, o Departamento de Informática do SUS (Datasus) divulgou dados sobre os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), além da quantidade de psicólogos e psiquiatras no País na rede pública e privada. O Nexo Jornal apresentou uma série de infográficos sobre os números disponibilizados, dentre eles o fato de que 300 cidades não possuem psicólogos e quase 3 mil estão sem psiquiatras. São cerca de 4,1 psicólogos para cada 10 mil habitantes no Brasil e 1,1 psiquiatra também para 10 mil habitantes.
“É um dado alarmante. Tínhamos feito um levantamento em 2016 e 2017 em que os números são similares, de 1 a 3 psiquiatras para cada 10 mil habitantes, enquanto nos EUA eram 10 para cada 10 mil. Dos psicólogos tínhamos um dado de 9 a 12 para cada 10 mil habitantes e a Argentina possuía 222 para cada 10 mil. É uma disparidade muito grande. São profissionais de saúde mental que faltam”, aponta Alexandre Loch, professor do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
O profissional, que também é coordenador científico do Grupo de Psicoses do Laboratório de Neurociências (LIM27), disse que a falta de profissionais se deve à sua tendência de permanência nos grandes centros brasileiros. Com salários baixos e quase obrigatoriedade de múltiplas cadeiras em serviço público ou consultórios particulares, o docente afirma que “cabe ao Estado o estímulo e até formação de centros universitários, que hoje estão concentrados nas capitais. Se tivéssemos um programa de governo para incentivar as pessoas a irem (para regiões interioranas), a situação iria melhorar”.
Atualmente, o atendimento mínimo de saúde mental é feito através dos Caps. De acordo com Alexandre Loch, eles já estão sobrecarregados, pois acabaram sendo os únicos centros de tratamento, após o correto fechamento de leitos psiquiátricos dos chamados manicômios. “A ideia seria colocar leitos psiquiátricos em hospitais gerais e isso não aconteceu.” Para ele, uma saída seria a criação de vagas para psicólogos e psiquiatras atuarem diretamente em unidades básicas de saúde. Mesmo que haja investimentos nos Caps, eles oferecem tratamento intensivo quando deveriam ser intermediários dos ambulatórios e hospitais. “Eles acabam funcionando como grandes ambulatórios de saúde mental, o que não é correto.”
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Jornal da USP.
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