A gratidão vem sendo estudada ao longo do tempo como um valor social humano, porém analisar se áreas do cérebro podem ser afetadas por essa expressão é um novo olhar que a ciência vem trazendo a respeito desse sentimento. A Universidade de Indiana, nos EUA, elaborou uma pesquisa para identificar os efeitos da expressão de gratidão na atividade neural. O estudo pode ser acessado através deste link.
O experimento foi realizado com clientes que já frequentavam psicoterapia para tratar depressão e ansiedade. Consistiu em duas etapas, na primeira os sujeitos foram separados em dois grupos, os clientes de um dos grupos realizaram durante três meses uma atividade terapêutica de escrever cartas de agradecimento a qualquer destinatário que quisessem, e o outro grupo não participou dessa tarefa.
Ao final do período de três meses, todos os sujeitos (os que escreveram e os que não escreveram as cartas) foram submetidos à outra atividade. Posicionados a frente de fotos de pessoas que doaram certa quantia em dinheiro para a pesquisa em questão, cada participante do experimento tinha a tarefa de repassar o valor para alguma outra instituição. O dinheiro foi utilizado como a ferramenta para expressar gratidão, como quando se dá gorjeta ao garçom.
Durante todo esse processo eles passaram por um escaneamento cerebral. A ideia era observar a atividade cerebral durante a expressão de gratidão (simbolizado pelo repasse da quantia em dinheiro). O resultado foi que as pessoas que anteriormente escreveram as cartas apresentaram maior atividade neuronal nas áreas do cérebro relacionadas à gratidão do que as que não escreveram.
Os pesquisadores concluíram que as mudanças cerebrais causadas pela expressão de gratidão são duradouras e que na medida em que exercitamos esse sentimento, cada vez mais seremos beneficiados com o bem estar que ela traz.
Tal bem estar pode estar relacionado à mudança na qualidade dos pensamentos, ou seja, ao invés de voltar para o que não se tem ou no que não se deve fazer, ficam voltados a sentimentos de preenchimento por algo recebido e pertencimento a um grupo.
O estudo ainda aponta a necessidade de se diferenciar dívida de gratidão. A primeira pode estar relacionada ao sentimento de culpa, de ajuda ao próximo devido a questões morais impositivas e o estudo tentou desviar dessa interpretação. A gratidão medida nessa pesquisa está relacionada ao reconhecimento do outro, do sentimento de pertencer a um grupo social, do estado de ser agraciado.
A pesquisa da universidade de Indiana foi feita em um contexto de participação social, porém a gratidão pode ser expressa por acontecimentos importantes da vida, ou por fatos simples como poder respirar, sentir, estar vivo. Agradecer diariamente fatos significativos do dia a dia pode ajudar a trazer as potencialidades existentes dentro de si e aumentar a auto estima e por isso a gratidão pode ser um aliado no tratamento de depressão e ansiedade.
Nesse sentido, ao invés de voltar-se para pensamentos que podem gerar sentimentos de impotência, como julgamentos ou o que nos falta, tornar a expressão de gratidão um hábito, trazendo também pensamentos voltados para o que se tem, pode trazer fôlego para encarar os desafios da vida e trazer sensações de bem estar.
Imagem de capa: Shutterstock/Robert Kneschke
Bibliografia
FUSCO, C. http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/01/expressar-gratidao-pode-mudar-seu-cerebro.html
Último acesso: 14/09/2016
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1053811915011532
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