Por Rafael Sarto
A sexualidade é um conjunto muito mais amplo de comportamentos que meramente o sexo. Envolve todo o ciclo de resposta sexual (desejo, excitação, platô, orgasmo, resolução), bem como todo o conjunto de comportamentos associados a esse ciclo e que possam possuir significado sexual.
Desse modo, comportamentos como sustentar a atenção, perceber-se, identificar e nomear sentimentos, comportamentos não verbais (posturas, gestual, etc.) são todos elementos relevante do ponto de vista da sexualidade.
Não diferentemente, também são elementos relevantes às interações sociais. Talvez a maior complicação em relação à sexualidade esteja no fato de ela estar associada muito fortemente a uma ideia distorcida de intimidade e privacidade.
Tais conceitos normalmente são levados diretamente como opostos a público e social, fazendo com que seja tabu conversar social e publicamente sobre sexo, impedindo o diálogo e tornando dificultoso o diagnóstico e solução de queixas sexuais. Desse ponto de vista, pensar que o Treinamento de Habilidades Sociais poderia ajudar nessas questões parece absurdo, mas especialistas apontam que, na verdade, é um método eficiente no alcance de uma vida sexual satisfatória e de qualidade.
Além disso, as maiores queixas sexuais estão ligadas à comunicação interpessoal, em especial em casais. Estima-se, através de dados empíricos de clínicas de terapia sexual e dados epidemiológicos de manuais como o DSM-V que uma de cada duas pessoas (~50%) possua algum tipo de dificuldade sexual. Em relação à incidência de problemas em algum momento da vida (pregresso, atual ou posterior), esse número ainda aumenta. A média de busca por ajuda especializada se dá, hoje em dia, após dois (2) anos de convívio com o problema. Esse número melhorou consideravelmente em relação a antigos quatro (4) anos, mas ainda é alarmante.
Não comunicar a realidade sobre o sexo e a sexualidade e, pior, comunicar o irreal (através de conteúdo pornográfico da indústria midiática e o discurso da comunidade verbal que replica essa mídia), apenas torna mais complicado o enfrentamento às dificuldades por quem sofre. Para além dela, agrega-se a vergonha, o sentimento de impotência, fracasso, de ser uma fraude, isolamento, dentre outros, todos solucionáveis com o simples ato de dialogar sobre.
Algumas topografias tornam-se frequentes e revelam esses entraves da sexualidade em termos de HS: a sensação generalizada que “apenas eu” possuo um determinado problema sexual (enquanto as estatísticas comprovam o extremo oposto); a alta incidência do problema com características situacionais, não ocorrendo quando a sexualidade é vivida individualmente na masturbação, indicando que as questões de interação social e a ansiedade social durante o encontro sexual possam ter uma relevância ainda maior do que o imaginado atualmente.
Expressão sexual, como todos os tipos de expressão e comunicação, perpassam o campo das Habilidades Sociais. Ser assertivo, nessa perspectiva, respeitando a visão e o comportamento do outro, posicionando-se em relação aos seus direitos e gostos, tomando para si as responsabilidades que lhes cabem pelo próprio prazer, buscando viver operando pelo prazer (e não pelo mero alívio), são caminhos preditivos de uma vida sexual (e geral) saudável. E, enquanto ainda é tabu falar sobre o tema, não há motivos para não procurar orientação especializada.
Imagem de capa: Shutterstock/FotoCuisinette
Rafael Sarto é Graduando em Psicologia e Diretor no Centro Mineiro de Habilidades Sociais: Paiva & Sarto (CMHS-P&S). Originalmente Analista de Sistemas, direcionou-se para a área de Ciência e Gestão da Informação e do Conhecimento, tornando-se apaixonado pela área de educação e, na sequência, psicologia. Especialista em Inteligência, Pós-graduando em Fisiologia Humana Aplicada e em curso de formação em Sexologia Clínica com ênfase em Terapia Sexual, empreende e atua nas áreas de Formação Profissional e Continuada e Habilidades Sociais.
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