Muitas pessoas assistem a shows de Hipnose televisionados e ficam maravilhadas com a capacidade dos autores de tais shows em ‘Dominar a mente humana’. Longe de dizer que tais shows são mentira, ou que tais pessoas não estejam hipnotizando de fato; é importante discutir: Para quê servem determinadas coisas? Que fim possuem algumas demonstrações de ‘habilidades’; senão como mera exposição midiática?
É bastante comum ver pessoas comerem cebolas e alhos dizendo que tem gosto da mais fina iguaria, ou de algum doce especialmente saboroso. Logo após isso, aparece alguém dizendo-se com determinada fobia e que foi ‘curado’… e, mais a frente, outro que se apresenta com outro medo e que – também – é milagrosamente curado, imediatamente.
Dizer que alguém está CURADO de algo – em Psicologia – já apresenta problemas em si mesmo, pois, o fato de um dado sintoma desaparecer não é um dado suficiente que garanta TAMBÉM a extinção da causa envolvida em tal sintoma.
Vejamos o caso dos sintomas da depressão; eles podem ser controlados com medicação correta; porém se as causas da depressão não forem investigadas e tratadas, logo outro sintoma tomará seu lugar e – talvez – com consequências (ou seja, sintomas) mais graves ainda.
De fato, a supressão de sintomas por meio da Hipnose é alvo de críticas desde a época de Sigmund Freud. O uso da Hipnose de modo SINTOMÁTICO é um grande filão dos hipnotizadores* em geral, mas que apenas reforça o preconceito envolvendo a técnica, pois, cria uma ilusão de uma cura mágica; e alimenta uma panacéia que não faz parte do que os HIPNÓLOGOS e HIPNIATRAS trabalham. Para piorar; está muito distante do verdadeiro trabalho de Psicólogos e Psiquiatras.
O uso de recursos espetaculares como a PONTE (subir no tronco de pessoas hipnotizadas) ou comer coisas de gosto ruins, pode ser um excelente modo de entreter as pessoas; tal como montanha russa ou automobilismo; mas assim como estas modalidades, exige critério e apresenta riscos.
No Brasil não existe uma lei que proíba ninguém de usar Hipnose com qualquer fim. Por esta razão, QUALQUER PESSOA pode usar tal ferramenta e dizer-se o melhor dos especialistas na área sem saber sequer a diferença entre o que é terapêutico e o que é sintomático. Não existe um código posturas ou qualquer tipo de fiscalização sobre essas pessoas.
Entretanto, para os profissionais de saúde, há regras e obrigações profissionais a seguir segundo seus Códigos de Ética (o Conselho Federal de Psicologia por exemplo regula o uso da Hipnose segundo a resolução 13/2000).
Tais regras proíbem inclusive APRESENTAÇÕES DE PALCO de qualquer espécie, ou seja, se você conheceu um hipnotizador de palco fazendo ‘demonstrações’ em um programa de TV, é provável que ele não seja registrado como médico, psicólogo, dentista ou outra profissão do ramo da saúde, pois, os conselhos não são favoráveis a tais apresentações e sabem que, apresentações por si mesmas, não representam nenhum ganho terapêutico aos clientes que venham a se submeter a elas.
É importante que o cliente que busque atendimento com a psicoterapia com uso de Hipnose esteja ciente que, o uso de uma determinada técnica não possui caráter determinante nos procedimentos do seu clínico. A Hipnose é um recurso auxiliar a ser utilizado junto de um processo que envolve o diagnóstico, a anamnese, a fala e todos os elementos de uma psicoterapia, acrescido da Hipnose como ferramenta auxiliar.
Em nossa próxima matéria que tal desfazermos alguns mitos acerca da Hipnose? Você tem alguma dúvida? Envie sua pergunta!
*Hipnotizador – qualquer pessoa que hipnotize pessoas, em geral de forma circense.
Hipnólogo / Hipniatra – Psicólogo / Psiquiatra que se utilize de Hipnose como ferramenta auxiliar no ambiente de atendimento clínico
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