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Inclusão social: será que estamos no caminho certo?

Certo dia, andando pelo metrô da cidade de São Paulo, avistei ao longe um rapaz jovem, aparentava ter menos de 30 anos, com deficiência física. Suas pernas, pés e as mãos eram atrofiadas. Sua locomoção era vagarosa, pois se arrastava pelo chão dando impulso com seus braços para movimentar o corpo. Ele estava conversando com uma colega e não apresentava ser uma vítima pela sua condição. Pessoas passavam ao seu redor, cuidando para não “atropelar” aquele rapaz, enquanto algumas passavam distraídas com seus celulares e não o avistavam.

Esta cena me fez refletir e imaginar sobre sua história de vida. Como terá sido para ele ter nascido com esta deficiência e como será que foi para sua família aceitar o fato dele nunca poder andar com suas pernas. É possível encontrar pessoas que com bem menos estariam presas em suas casas se lamentando por sua condição. Também podemos encontrar famílias que, mesmo sem perceberem, colocam limites na pessoa com deficiência não permitindo que estas tenham a oportunidade de serem autônomas e independentes.

Ao conversar com pessoas deficientes, seja deficiência intelectual, visual ou de mobilidade, percebo o quanto é difícil para algumas famílias permitirem que seus filhos ou irmãos sejam integrados à sociedade. Há um medo recorrente sobre os perigos do mundo afora. Medo de que se percam ao andarem na rua sozinhas, ou serem atropelados, medo de serem feitos de bobos por alguém mais esperto e que queira tirar vantagem, medo de perder o controle sobre o corpo e atitudes do outro, enfim, muitos medos e fantasmas que assombram as famílias e os portadores de necessidades especiais.

Quando falamos em inclusão social imaginamos as pessoas sendo incluídas no mercado de trabalho, casando, frequentando escolas, universidades, locais sociais, mas não pensamos no caminho que é preciso percorrer até chegarem nessas conquistas.

É fundamental o apoio e suporte da família para o desenvolvimento das crianças com necessidades especiais. Sem isto a criança aprenderá que ela é diferente, que os outros são melhores, não adianta tentar porque não vai conseguir e daí por diante.

A família precisa entender quais são as limitações que esta criança apresentará, mas não devemos focar o desenvolvimento dela em suas limitações, mas sim em suas potencialidades. É extremamente importante elevar a auto-estima das crianças, pois só assim elas estarão dispostas a correr mais riscos para aprenderem coisas novas. Sem uma auto-estima elevada as crianças tendem a se desenvolverem acreditando que a única coisa que lhes resta é a sua limitação. Desta maneira pode não ocorrer o desejo de serem bem sucedidas, de terem sua própria família, sua própria história.

Para que a inclusão seja uma realidade cada vez mais presente em nossa sociedade é preciso que ela ocorra primeiro em nossos lares. É essencial que os adultos e todos os que são próximos as crianças que nascem com algum tipo de deficiência não a enxerguem como uma vítima da sociedade. Para mudarmos o olhar da nossa sociedade precisamos começar a mudar o nosso olhar diante destas situações.

Os bens mais preciosos que podemos dar as nossas crianças é o nosso tempo, amor, aceitação, dedicação, e autonomia.

Tatiane Scarlet Garbato

Sou Psicóloga especialista em Neuropsicologia pela Faculdade de Medicina da USP e Acompanhante Terapêutica. Amo crianças e seu universo me fascina. Tenho experiência na saúde mental e meu foco é o trabalho com crianças deficientes intelectuais, autistas, síndrome de down e também com desordem psiquiátrica. Acredito ser fundamental a orientação aos pais no cuidado com seus filhos, principalmente quando recebem a notícia do filho ser portador de uma síndrome ou deficiência. A orientação aos pais tem como objetivo proporcionar um olhar e um cuidado diferenciado, mas todos voltados a criarem filhos de maneira saudável para que possam se tornar adultos saudáveis e com o máximo de autonomia e independência possível.

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