É extremamente comum ouvir as preocupações das mães sobre as “famosas” viroses gástricas e infecções respiratórias recorrentes de seus filhos, especialmente no retorno às aulas. E, nessas circunstâncias, as crianças são bombardeadas com todo tipo de remédios: antibióticos, antinflamatórios, cortisona, antialérgicos, xaropes, descongestionantes nasais…

Mas, de onde vêm essas viroses e infecções? O consenso médico diz que elas se devem ao ambiente das escolas e creches, onde o contato com outras crianças doentes é constante. Mães e professoras, devido à falta de conhecimento e de atenção mais profunda (que raramente lhes é orientada pelos médicos), acreditam, então, que o motivo é realmante o ambiente, que proporciona mais facilmente os contágios.

Porém, uma olhada mais atenta e mais questionadora sobre as causas reais das supostas e “inevitáveis” viroses e infecções nas crianças, revela muito mais sobre suas condições emocionais e processos psicossomáticos do que sobre agentes patogênicos (vírus e bactérias).

Se investigarmos o momento e as condições gerais nas quais surgiram os sintomas da criança, normalmente descobriremos que existia (ou ainda existe) uma condição emocional adversa advinda do ambiente escolar ou familiar. Quando a criança sente-se nessa situação (na qual pode sentir-se oprimida, ameaçada, ressentida, abandonada ou…) isso desencadeia um processo psicossomático (que são tensões que recaem da mente sobre o corpo, devido a impossibilidades de expressão – através da fala, do choro, ou do entendimento racional) que altera suas funções orgânicas (sejam na garganta, nos pulmões, no estômago, nos intestinos), levando ao processo de adoecimento físico.

Os momentos críticos, onde as crianças normalmente adoecem, são sempre quando as situações são novas, quando é preciso desligar-se dos pais, ou quando o ambiente é opressivo ou representa alguma ameaça para elas. O início das aulas, a mudança de professor, de escola, de ano escolar, as brigas, o bullying, as discussões entre seus pais, a carência familiar etc, são condições comuns presentes nesses processos psicossomáticos de adoecimento.

Mas, se isso é verdade, como os antibióticos podem ser efetivos em alguns casos? E as condições climáticas (frio, vento, calor), não têm importância para esse adoecimento? E quanto aos contágios, depois dos quais as crianças adoecem, não parecem ser a causa direta dessas infecções?

Antes de tudo, é preciso deixar claro que as infecções existem e causam doenças respiratórias, gástricas, intestinais etc. Os fatores climáticos também produzem alterações fisiológicas (resfriamento, contrações musculares, hiperaquecimento e outras) e estas propiciam, muitas vezes, o desenvolvimento de infecções. Da mesma forma, infecções podem ser transmitidas através do ar, da saliva, de objetos contaminados etc. Isso atesta a base física de muitas doenças infecciosas e como certas alterações fisiológicas patológicas do organismo podem ser causadas por condições climáticas.

O caso é que uma quantidade enorme de doenças tem bases emocionais, e estas, da mesma forma, produzem alterações fisiológicas que permitem o surgimento de infecções. Por exemplo, a tristeza e/ou a sensação de vulnerabilidade sentidas por uma criança sensível, quando precisa ficar num ambiente desconhecido, longe dos pais, produzem tensões e alterações em seu organismo que podem adoecê-la. E, em muitos desses casos, devido a mudanças nas condições de seus tecidos e órgãos (alterações no pH, no sistema imunológico, na temperatura interna etc), formam-se ambientes favoráveis para o desenvolvimento de agentes patogêncios (vírus, bactérias, fungos).

Então, os quadros infecciosos realmente se manifestam, mas são encarados por boa parte dos médicos e profissionais da saúde como causa do adoecimento e não como consequência de um processo psicossomático. Ou seja, os médicos, em geral, supõem que a criança adoeceu por causa de algum vírus ou bactéria, quando, na verdade, ela adoeceu emocionalmente e, devido a isso criou-se uma condição propícia para a infecção (que, nesse caso, é uma condição secundária, consequência do processo psicossomático).

Então, o que é preciso fazer a respeito das infecções recorrentes que acometem as crianças?

O primeiro passo, e o mais importante, é questionar-se sobre as condições e circunstâncias que podem ter ocasionado o adoecimento da criança. Terá sido o excesso de sorvete ou de chocolate? Uma exposição ao frio, à umidade excessiva, ao vento ou ao calor? Como estão as condições emocionais em casa? Na escola? Entre os seus amigos? Certamente, se houver uma investigação paciente, amorosa e inteligente, as causas serão descobertas e poderão ser tratadas convenientemente.

Uma vez que se descobre que a condição causal da doença em quetão é emocional, devem ser tratadas as questões psicológicas e afetivas da criança.

Os fatores emocionais são tratados através de conversas, esclarecimentos, acolhimento e apoio para a solução das dificuldades enfrentadas pela criança; isso pais e professores podem fazer. Como apoio, às vezes de grande utilidade, pode-se recorrer a um profissional que trabalhe com a terapia floral e/ou com outras abordagens psicológicas, como psicólogos, psicoterapeutas e outros.

Mas, apesar de haver melhora – ou remissão total da doença em muitos casos – através do tratamento dos aspectos emocionais envolvidos no adoecimento, isso não significa que certas condições secundárias devam ser descuidadas. Pelo contrário, se houver um processo infeccioso, ainda que seja subproduto da condição emocional, ele deve ser tratado seria e corretamente, de preferência, com apoio de um profisisonal – como médicos homeopatas, naturopatas, terapeutas holísticos etc – que utilize recursos terapêuticos pouco agressivos e o mais possível favoráveis ao organismo.

Padrões psicossomáticos crônicos

Também é comum que os padrões de reação emocional e somatizações crônicas provoquem alterações crônicas na fisiologia e, em alguns casos, até na anatomia do organismo de certas crianças, produzindo doenças crônicas (como bronquites, asma, colites, gastrites, amigdalítes crônicas e outras). Nesses casos, temos certos procedimentos que devem ser feitos para atuarmos de forma realmente curativa:

• Primeiro: identificar qual ou quais os padrões psicológicos/emocionais da criança estão por trás da função alterada ou do órgão doente;
• Segundo: tratar esses padrões identificados, com a ajuda de profissionais amorosos e competentes em abordagens psicológicas (psicoterapeutas, psicólogas, terapeutas florais etc);
• Terceiro: apoiar a cura física do órgão ou da função afetada, através de meios e terapias saudáveis e o mais naturais possíveis, se possível com a ajuda de profissionais competentes como médicos antroposóficos, homeopatas, naturopatas, terapeutas holísticos etc.

Nesse processo de cura real, um dos objetivos fundamentais é proporcionar à criança a possibilidade de autoconhecimento e de autocompreensão.

Porém, não importa se o processo do adoecimento é agudo ou crônico: sem dúvida, o mais importante é abrirmos a nossa percepção para compreendermos os estados interiores das crianças e pararmos de atuar cegamente durante seus processo de adoecimento, sem investigarmos suas condições emocionais e todas as circunstâncias nas quais a criança pode estar inserida.

Pergunte-se sempre: o que adoeceu ou está adoecendo essa criança?

 

Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social

Texto original no Epoch Times

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