Pessoas inteligentes devem agradecer suas mães, porque, de acordo com a ciência, essa característica é herdada do lado materno. Ao longo das décadas, diversos estudos sobre o tema foram realizados mostrando que são as mães que transmitem para os filhos a maior parte da carga genética relacionada às habilidades cognitivas.
O pesquisador americano Robert Lehrke, autor do livro Sex Linkage of Intelligence (em tradução livre para o português, “Ligação do sexo na inteligência”), afirma que grande parte da capacidade intelectual das crianças é gerada no cromossomo X, o que indica que as mulheres têm o dobro de probabilidade de repassar características ligadas à inteligência aos filhos, por terem duas vezes esse mesmo cromossomo X.
Um recente estudo realizado pela Universidade de Ulm, na Alemanha, descobriu que os danos cerebrais estão ligados a esse mesmo cromossomo. A comprovação para isso é o fato de que as deficiências mentais e intelectuais são 30% mais comuns nos homens.
Contudo, o estudo mais extenso sobre a relação que há entre os genes da mãe e a inteligência foi feito pelo “MRC Social and Public Health Sciences Unit”, nos Estados Unidos. Foram entrevistados mais de 12.000 jovens entre 13 e 22 anos, analisando diferentes variáveis sobre os indivíduos, como a cor da pele ou o nível sociocultural e econômico.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que o indicador comum que avaliava a inteligência da pessoa era o QI da mãe. Acredita-se que cerca de 50% da inteligência surge dos genes herdados. A inteligência é a capacidade que alguém tem para lógica, memorização, compreensão, autoconhecimento, comunicação, aprendizado, controle emocional, planejamento e resolução de problemas.
As pesquisas sobre o tema começaram em 1984 por estudiosos da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que durante uma análise de componentes bioquímicos e genéticos descobriram que os genes das mães fornecem mais informações para o desenvolvimento de estruturas cerebrais, associados a forma como pensamos.
Dessa maneira, os pesquisadores decidiram realizar experiências com embriões de camundongos, modificando-os para reproduzir somente os genes da mãe ou do pai. A surpresa veio quando os embriões foram transferidos de volta para o útero e morreram.
Assim, os pesquisadores perceberam a existência de genes condicionados que se ativam apenas quando são herdados por vias maternas, sendo estes imprescindíveis para o desenvolvimento e sobrevivência do embrião. Com os embriões que eram cópias genéticas dos pais ocorria algo distinto: seus genes eram cruciais para o crescimento dos tecidos da placenta, mas estes também morreram.
Durante a pesquisa foi constatado ainda que os ratos que tiveram uma maior proporção de genes maternos desenvolveram um cérebro anormalmente grande e seus corpos eram muito menores. Já os ratos com genes paternos apresentavam cabeças pequenas e um corpo superdesenvolvido.
Os cientistas não encontraram nenhuma célula paterna no córtex cerebral, onde as estruturas nos permitem usar funções cognitivas mais complexas como a inteligência, a tomada de decisões, a linguagem e outras habilidades.
Imagem de capa: Shutterstock/Evgeny Atamanenko
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