A palavra inveja vem do latim “invido”, de mau-olhado. Este sentimento gera o desejo patológico de quer ter o que a outra pessoa tem, que pode ser coisas materiais ou as qualidades inerentes ao ser humano. A inveja surge na história e nas relações cotidianas, onde gente invejosa ambiciona ter algo que pertence a outro indivíduo.
Na história da civilização, a inveja nos remete ao que há de destruidor, maldoso e pecaminoso. Não é por acaso que o maior pecado de Lúcifer foi a inveja: queria ser Jesus e, por isso, acabou no inferno. Na história bíblica: Caim sente ciúmes da atenção que Deus dá a Abel. Sentindo inveja por crer que seu irmão é o favorito do Senhor, Caim assassina Abel. Em vista disso, para a Igreja Católica, a inveja é um dos piores dos sete pecados capitais.
Na mitologia grega Zeus, soberano deus, invejava a felicidade e a completude do homem que decidiu dividi-lo em dois. Sócrates foi condenado a morte pelos poderosos, pela traiçoeira inveja, porque ele tinha conquistado a felicidade integral que provém da sabedoria. William Shakespeare afirmava que na Roma Antiga os conspiradores mataram Júlio César instigados também por pura inveja.
Hoje a inveja é o combustível do capitalismo, que mercantiliza a cobiça da prosperidade alheia. O Sociólogo italiano Francesco Alberoni, no livro Os invejosos, alerta: “O invejoso diminui o sucesso dos outros, sustentando que ele é fruto de uma injustiça. Porém, se o invejoso estivesse vivendo as mesmas condições e recebendo o mesmo reconhecimento que a pessoa alvo de sua inveja, ele diria que o seu sucesso seria merecido.”
Como perceber a inveja? Do olhar corrosivo que o invejoso atira sobre o objeto invejado, pois a inveja é uma das emoções mais cheias de ganância, que o invejoso nega possuir. É uma maldade poderosa, que gera sofrimento no invejoso, que se nutre de um espírito competitivo voraz – de querer ter mais, ser mais e melhor – que os outros. E não adianta usar contra ela amuletos: o olho grego, o pé de coelho, a figa, a ferradura, etc, o modo eficaz é não dar espaço ao invejoso, ficando longe da inveja.
Para a psicanálise, a inveja é algo destruidor e aniquilador, não existe nada de bom nela, como observou Melanie Klein: “O invejoso passa mal à vista da fruição. Sente-se à vontade apenas com o infortúnio dos outros. Assim, todos os esforços para satisfazer um invejoso são infrutíferos.” Enfim, o sujeito invejoso, quer para si o bom que está fora, que não lhe pertence, uma vez que ignora a maldade que está dentro dele.