A ira e a soberba são irmãs siamesas, uma precisa da outra para existir. Elas são emoções altamente perigosas e destrutivas, que buscam dominar a mente, o corpo e alma das pessoas, cultivando ódio e constrangimento onde elas passam.
A ira é um impulso explosivo e momentâneo, que produz pensamentos ruins, sentimentos amargos, acusações injustas, ações impensadas e intimidações. E também causa brigas, confrontos nas relações humanas e um espiral de litígios, de violências, de mortes, de rupturas dolorosas entre pessoas, grupos e países.
A ira se manifesta num estado de descontrole, que modifica a expressão facial dos indivíduos: testa baixada, olhos arregalados, lábios e narinas dilatas. Chamamos isso de “cara de raiva”, uma bomba relógio humana, que está na ameaça de explodir. Sêneca, filósofo romano, advertiu: “A ira é uma ácido que pode causar mais dano ao vaso em que está armazenado do que àquilo que é derramado”. Ou seja: a ira é um impulso corrosivo de vingança e hostilidade. Um exemplo horrendo é a crise atual dos presídios, presos foram decapitados em Manaus e Roraima.
Agostinho de Hipona, teólogo e filósofo medieval, era um implacável crítico dos mensageiros da ira: “É melhor impedir a entrada da ira justa e razoável do que a admiti-la, não importa quão pequeno ela seja.” Quando a ira domina alguns líderes empresarias, tende a provocar temor nas suas equipes, desmotivando os funcionários. Na política a ira provoca guerras e a destruição dos serviços públicos, prejudicando a população.
Na mesma categoria, não menos sinistra, encontramos a irmã da ira, a soberba, que registra no seu DNA: a ambição desmedida, a hipocrisia, a ostentação, a presunção, a arrogância, a vaidade e o orgulho excessivo. Os arrogantes apresentam a necessidade patológica de “patrolar” os valores éticos, tratando as pessoas como coisas descartáveis. Os boçais creem que o restante da humanidade só existe para servi-los, um fato preocupante, foi a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está deixando o mundo alarmado, com sua soberba.
Essas criaturas pensam que são os únicos seres humanos válidos no mundo. Gente que se relaciona com os outros em função do dinheiro que carregam, por conta do nível de escolaridade, pelos carros que possuem e pelos os lugares que frequentam. Mário Sergio Cortella, filósofo brasileiro, nos alerta sobre isso: “Há pessoas que apequenam a vida, apequenam com o preconceito, apequenam com arrogância, apequenam com a venda da própria alma.”
A prática da humildade, em nosso cotidiano, nos educa para não se corromper com a raiva e a arrogância, pois a humildade é a força mais poderosa do mundo. Ela une o que está quebrado, amolece o mais duro dos corações e vence o inimigo, até mesmo a ira e a soberba. Além disso, nos conduz a serenidade e o autoconhecimento, porque somos todos seres humanos, em processo permanente de evolução, independente do dinheiro, dos bens e dos títulos que possuímos.
Imagem de capa: Shutterstock/pathdoC
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