A jovem Luiza Britto de Toledo, de 29 anos, conta que, há cerca de 40 dias, recebeu uma orientação incompleta. Depois de levar seu carro para conserto, foi informada de que deveria sempre verificar o nível da água do radiador para evitar problemas no motor.
“No dia 17 (de junho), saí de carro, andei um pouquinho com ele e lembrei que precisava ver a água. Não sabia que só poderia fazer isso com o veículo frio, não tive orientações. Então, parei na frente da casa de uma tia minha e, na inocência, comecei a abrir a tampa. Lembro que senti uma pressão quando fui abrir, mas continuei. Até que a água quente voou toda no meu corpo.”
Luiza relatou que não sentiu dor imediata e foi socorrida por um rapaz que passava de carro. “Minha adrenalina foi tão grande, confesso que não entendi o que estava acontecendo. Só lembro desse homem perguntando: ‘Por que você fez isso?’. A sorte é que eu estava perto da casa dessa minha tia, então tranquei o carro, saí correndo e fui até ela explicando rapidamente o que tinha acontecido. Na hora, já corri para o banho. Enquanto isso, ela chamava o socorro.”
Com dores intensas, Luiza desmaiou no hospital. A jovem, de Brasília, sofreu queimaduras de 2º grau em 40% da parte frontal do tronco. “De início, tomei remédios bem fortes para conter a dor. É algo que queimava por dentro, difícil de explicar. Eu tremia de dor, a minha vontade era gritar e sair correndo. Só conseguia pensar como seria se a água tivesse caído no meu rosto e nos meus olhos.”
Luiza está há 15 dias em recuperação. Segundo ela, tem sido um processo doloroso e incômodo. “Coça muito e, por isso, abri pequenas feridas. É muito complicado. Precisei fazer raspagem na barriga, e ficou extremamente sensível. Usei várias pomadas, em especial nos 10 primeiros dias. Agora, uso hidratantes, óleos, cremes, e a recomendação é evitar sol e muita luz por, no mínimo, 90 dias”, explicou, mencionando também consultas com dermatologistas e outros médicos para tratamento com laser.
Após o acidente, Luiza decidiu alertar nas redes sociais. Em poucos dias, o vídeo viralizou, com mais de 2 milhões de visualizações. “Acho importante espalhar a informação, e a minha ideia foi usar a minha história para esse fim, mostrar o que aconteceu comigo para que não aconteça com outros, em especial mulheres que, por vezes, não tem orientação.”
O vídeo recebeu mais de 8 mil comentários, alguns desejando melhoras e apoio, outros mencionando que essa informação é ensinada na autoescola. “Muita gente me perguntou se a gente aprende isso na autoescola. Não lembro de ter aprendido nada sobre esse assunto, sendo sincera. Eu jamais faria algo assim de maneira proposital. Nem o vídeo foi feito de maneira proposital, o meu perfil era até fechado, mas amigos comentaram que seria interessante eu abrir e falar sobre isso com mais pessoas.”
“Tenho recebido comentários lindos, mas, ao mesmo tempo, mensagens de crítica, praticamente me chamando de burra. Nessas horas, tento entender que esse tipo de reação é mais sobre os outros, do que sobre o que eu sou”, desabafou a jovem.
Sobre sua autoestima após o acidente, Luiza é enfática: “Me ajudou muito o fato de eu fazer terapia, isso amenizou esse processo de aceitação. Comentários negativos mexem mais comigo que as cicatrizes, sinceramente. Sobre as marcas que eu posso ter, é algo que estou pensando aos poucos. Ainda estou em tratamento, me cuidando, e a minha pele tem respondido muito bem. Eu e os médicos estamos muito felizes. Além disso, estou em acompanhamento com cirurgião plástico, é tudo muito intenso ainda. As manchas também farão parte disso tudo”, conclui.