Em entrevista no podcast ‘De Carona na Carreira’, a rapper Karol Conká revelou que a rejeição que enfrentou após sua passagem pelo BBB 21 causou um sofrimento tão violento quanto uma depressão pós-parto – que ela também já sofreu. A cantora contou que recorreu a uma ajuda profissional e foi acompanhada por psiquiatras para se recuperar. “Exercício diário”, afirmou.
“Eu tinha perdido a vontade de viver ou de ser, a vontade de qualquer coisa. E a última vez que eu tinha sentido isso foi na minha depressão pós-parto. Mas essa foi uma luta para eu não cair numa depressão. Então era um exercício diário, constante, de hora em hora”, disse Karol na conversa com a podcaster Thais Roque.
A rapper, que é mãe de Jorge, revelou que não quer outro filho. Ela disse ainda que foi diagnosticada com TOC (Transtorno Obsessivo Compulso), o que foi agravado após deixar o reality da Globo.
“Era eu compulsivamente pensando coisas negativas, me maltratando. ‘Eu fiz isso, eu fiz isso, eu fiz isso’. E eu compulsivamente via as imagens e chorava horrores e me maltratava, de ficar sem comer, de ficar sem fazer nada. Eu ficava vendo.
Segundo a cantora, a claustrofobia também apareceu naquela época. No entanto, ela chegou a ficar cinco ou seis meses em casa, sem sair. “Eu entrava nas redes, e era meme, meme e meme. E eu falava: ‘Gente, não dá para eu ir para lugar nenhum’. E aí o pessoal, amigos meus em Nova York, me escrevendo: ‘O que você fez? Você virou assunto mundial. Meu Deus. Vem para cá’. Eu tinha a sensação de que eu não podia ir para lugar nenhum do mundo”, explicou.
“E eu não fui para lugar nenhum”, concluiu.
Karol explicou ainda que, embora tenha aceitado o convite para o reality para poder sair de casa – na época, a pandemia ainda obrigava muita gente a permanecer em quarentena -, acabou trocando um confinamento por outro. Para completar, depois de ser eliminada do programa com alto índice de rejeição, permaneceu em mais um confinamento.
A artista falou que se dedicava a alguns exercícios consigo mesma, como criar analogias. Uma delas envolvia projetar si mesma com a perna quebrada no meio do deserto. “Não dá para caminhar com a perna quebrada”, explicou. Assim, ela tinha que esperar se curar para voltar a andar. “Não vou conseguir se eu não recuperar minha cabeça”, resumiu.
Mesmo assim, o processo rendeu várias lágrimas e demorou. “Eu chorava, porque eu falava ‘fiquei famosa por ser algo de ruim, isso não é legal. Eu não sou só isso'”, contou.
Karol ressalta que, apesar do sofrimento, não se arrepende de ter aceitado o convite para o programa. Segunda ela, se não fosse pelo BBB, ela não teria aprendido a lidar com a própria raiva.
“Eu tenho meu lado explosiva –ultimamente não tão mais, também depois dessa experiência. Aprendi a lidar com ela [a raiva], de reagir sem ser tão agressiva. Porque a forma que eu aprendi era desse jeito, de ‘se eu falar mais alto, vão ouvir'”.
A cantora contou que levou muito da experiência para o fato de ser uma mulher preta. Segundo Karol, ela passou a vida em modo combativo para conseguir ser vista, notada e ouvida. E os erros, lembrou, não anulam novas chances. “Mereço uma segunda chance, e não só uma segunda chance, quantas chances mais eu [também] mereço”, reforçou.
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