O Ministério Público (MP) deflagrou nesta quarta-feira (11) a 13ª fase da Operação Leite Compensado, investigando adulterações em produtos lácteos para mascarar flexibilidade em uma fábrica da Dielat, localizada em Taquara, Região Metropolitana de Porto Alegre. Até o momento, cinco pessoas foram presas, incluindo gestores e um químico conhecido por práticas fraudulentas nas indústrias do setor. As informações foram publicadas originalmente pelo g1.
Segundo as investigações, a Dielat adicionou refrigerante cáustico e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. As substâncias altamente prejudiciais à saúde foram utilizadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados. Essas fórmulas fraudulentas são sofisticadas e escapam de detecções iniciais pela fiscalização. Além de mascarar a acidez, representam graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico.
Entre as marcas alvos da operação comercializadas no Brasil estão: Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall. Na Venezuela, os produtos levam o nome de Tigo.
A Dielat lançou produtos para escolas em pelo menos sete cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Viamão e Taquara, entre 2019 e 2023, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE). A empresa também exporta para países como a Venezuela, onde comercializa produtos sob a marca Tigo.
Prisões e buscas
Entre os presos estão o sócio-proprietário Antonio Ricardo Colombo Sader, o diretor Tales Bardo Laurindo, o supervisor Gustavo Lauck, e o químico Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “alquimista do leite”. Uma mulher foi presa em flagrante por tentativa de destruição de provas.
Ao todo, foram cumpridos 16 mandatos de busca e apreensão em cidades gaúchas e em São Paulo. Documentos e amostras de produtos foram coletados para análise detalhada.
Sérgio Seewald, apontado como figura central da fraude, já havia sido investigado em 2014 por práticas semelhantes em outra indústria. Apesar de absolvido em uma reportagem de 2005, ele continuou alvo de medidas cautelares, aguardando a instalação de tornozeleira eletrônica há dois anos.
Defesa e nota oficial
A defesa de Seewald nega seu envolvimento com a Dielat e alegações de criação de fatos pelo MP. A empresa, por sua vez, afirma que as acusações são infundadas e que interrompeu temporariamente as atividades para colaborar com as investigações.
A Dielat declarou: “Mantemos nosso compromisso com a ética e a qualidade, submetendo-nos a rigorosa fiscalização. Estamos confiantes de que as apurações confirmarão a lisura de nossa atuação.”
As autoridades realizam exames para identificar os lotes contaminados e reforçam a necessidade de fiscalização rigorosa. O caso segue em investigação, com impacto direto na cadeia produtiva e na confiança dos consumidores.