Mãe de jovem com autismo cria lei e abre clínica para tratar outras pessoas com autismo

Berenice Piana é uma daquelas pessoas que nos fazem acreditar que vale à pena lutar por aquilo que acreditamos. A partir de sua inconformidade com aquilo que não considerava o ideal, esta carioca de Itaboraí (RJ) resolveu arregaçar as mangas e ir à luta. O resultado é que ela não transformou apenas a própria realidade, mas a de muitas outras pessoas.

Berenice é a mãe amorosa de três filhos, dos quais, um deles, o Dylan, de 26 anos, convive com o Transtorno do Espectro Autista. A partir da sua própria experiência com os cuidados de uma pessoa com autismo, ela decidiu criar uma clínica especializada para tgarantir tratamento a outras pessoas com a mesma condição. Mas não pense que foi fácil, para assegurar a abertura dessa clínica, ela teve até que criar até lei.

Tudo começou quando ela descobriu que não existia nenhum aparato legal que protegesse e beneficiasse as pessoas com autismo, então ela deu início à luta para garantir esses direitos. “Eu vi que não tinha nada para o autista. Cada um só falava do seu filho e ninguém se preocupava com o coletivo”, disse ela ao site Razões Para Acreditar.

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“Eu assistia a TV Senado, ficava vendo os senadores para ver quem eu poderia abordar com essa pauta. Mandei vários e-mails e não obtive resposta, até que decidi ir a Brasília e passei uma semana lá tentando contato com algum político. Não consegui e voltei”, relatou.

Berenice então finalmente conseguiu o contato com um senador e colocou o projeto em pauta. Para defender a lei, viajou diversas vezes à capital federal para apresentar a proposta nas comissões, no Senado, na Câmara e até no Palácio do Planalto.

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Em 27 de dezembro de 2012, estava aprovada a Lei Federal 12.764/12, intitulada de lei Berenice Piana por todo o seu esforço. “Eu lembro até os minutos, foi às 23h45 que a lei foi sancionada”.

A lei tem uma série de garantias para as pessoas com autismo. Ela os reconhece como pessoa com deficiência e todos os benefícios como acesso a serviços de saúde, educação especial para o autismo, inserção no mercado de trabalho, previdência social e assistência social.

Mas então era chegada a hora de começar a pensar na segunda parte do seu plano de ação, garantir que a lei fosse posta em prática. “Eu sabia que a lei não seria cumprida do nada”. Então ela levou um projeto para a prefeitura de Itaboraí e o poder público acatou a ideia. “Eu fiz uma lei para garantir que teria como abrir uma clínica para os autistas”, disse ela.

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A Clínica-Escola atende 180 crianças com atendimento multidisciplinar, terapeuta ocupacional, psicólogo, fonoaudiólogo, nutricionista, fisioterapeuta, psicopedagogo e neuropediatra.

Hoje, Berenice já inaugurou outra clínica em Cascavel (PR), e outras serão construídas em São Pedro da Aldeia (RJ) e Cuiabá (MT).

“Quando você tem uma lei que garante os direitos do seu filho, fica muito mais fácil de lutar. Eu e muita mãe andamos com a lei embaixo do braço e se alguém contestar, eu digo que por acaso fui eu que fiz”, disse. A lei inclusive leva seu nome: Lei Berenice Piana.

Para as famílias de crianças com autismo, ela deixou uma mensagem: “Nunca desistam dos seus filhos porque não se desiste de um filho jamais”.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Razões Para Acreditar.
Fotos: Reprodução/Arquivo Pessoal.






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