Mãe denuncia violência psicológica contra filho autista em escola pública de Porto Alegre

Uma mãe acusa a Escola Estadual de Ensino Fundamental Cidade Jardim, localizada no bairro Nonoai, na zona sul de Porto Alegre, de negligência, violência psicológica e exclusão contra seu filho autista, de apenas seis anos. O caso veio à tona após relatos alarmantes envolvendo uma professora da instituição e supostas falhas estruturais e pedagógicas. As informações são do Terra.

Segundo a denúncia, o menino relatou que uma professora afirmou que cortaria sua língua, chegando a mostrar uma caixa, dizendo conter “línguas de outros alunos que falavam demais”. O episódio teria ocorrido na última quarta-feira (2) e foi reforçado por uma sobrinha da mãe, que estuda na mesma escola.

A situação foi levada à coordenação da escola em reunião realizada nos dias seguintes. De acordo com o relato da mãe, a coordenadora se exaltou ao ser informada do caso. Durante o encontro, a própria professora acusada teria invadido a sala de forma agressiva e precisou ser contida por funcionárias. A mãe também afirma ter se sentido coagida quando a diretora pediu que ela não acionasse a polícia naquele momento.

Mesmo após os episódios, o filho e a sobrinha teriam sido novamente deixados sob responsabilidade da mesma professora, o que, segundo a mãe, violou um acordo firmado com a direção para preservar a segurança das crianças.

Além das acusações de violência verbal e psicológica, a mãe denuncia problemas graves na estrutura da escola. O pátio, segundo ela, apresenta risco de desabamento e contém cacos de vidro, madeiras com pregos, espinhos e pedras soltas. “É impróprio para qualquer atividade infantil”, afirmou. Ainda de acordo com a denúncia, a própria escola teria orientado os responsáveis a vestirem as crianças com tênis e moletom para minimizar ferimentos em possíveis quedas.

A mãe relata também que os intervalos ocorrem sem supervisão de adultos, o que, segundo ela, representa risco à integridade das crianças. A situação teria se agravado após a vice-diretora sugerir que a mãe retirasse o filho e a sobrinha da instituição, alegando que a escola “não atendia às suas necessidades” por conta do autismo. “Isso não é inclusão, é exclusão”, desabafou.

Ela registrou boletim de ocorrência e encaminhou denúncia formal aos órgãos competentes. No momento, conta com o apoio de um grupo de assistência a famílias de autistas e aciona o Conselho Tutelar e a Coordenadoria da Secretaria de Educação em busca de providências. A mãe também relata dificuldades em obter respostas rápidas dos órgãos responsáveis e afirma estar sobrecarregada com o andamento do caso. Segundo ela, outras crianças com deficiência também estariam enfrentando situações semelhantes na escola, o que levanta suspeitas de que os episódios não sejam isolados.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) afirmou, por meio de nota, que está acompanhando a situação:

“A 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) está acompanhando a situação na Escola Cidade Jardim, em Porto Alegre. O Núcleo de Cuidado e Bem-Estar Escolar e a Divisão Pedagógica da 1ª CRE têm realizado acolhimento aos envolvidos, e um processo administrativo foi instaurado”, diz o comunicado.

A direção da escola também foi procurada, mas até o fechamento desta edição não havia se manifestado.






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