Por Raquel Brito
A sociedade usa as nossas mães como exemplos de super-heroínas que podem tudo. Admiramos em cada mãe a sua capacidade de ação, sua força e a incrível maneira de responder às necessidades de toda a família.
Numa época em que lutamos pela igualdade de gênero, é importante pensar nos papéis das mulheres como mães. Hoje elas têm que se desdobrar para colocar o pão de cada dia na mesa e também cuidar do lar. Por isso, é necessário questionar as nossas ideias e a sua lógica.
O curta que apresentamos hoje exemplifica brilhantemente isso. Ele apresenta o tema como pura magia, do começo ao fim, retratando o que acontece quando uma mãe se desdobra para dar conta de tudo.
“Mother” é o título original e sem tradução desse precioso curta-metragem animado que um grupo de estudantes do Canadá, denominados “Estudo Kokorosh”, realizou em 2015. Em 5 minutos representam maravilhosamente um desafio que as mamães têm que enfrentar todos os dias: o de dar conta de tudo.
Dar conta de tudo e ser o centro nevrálgico e emocional de uma família é uma responsabilidade que, em grande medida, recai sobre as mães. Sem dúvida podemos afirmar que não é nem um pouco justo que elas “tenham que fazer tudo” e que é profundamente cansativo executar essa obrigação maternal escondida que a sociedade promove.
É hora de refletir, de ver nossos reflexos nessas sequências de imagens e ponderar o nosso passado, nosso presente e o nosso futuro. Não é por poderem dar conta de tudo que elas recebem a alcunha de guerreiras e de mulheres inigualáveis e especiais. É por terem nos dado a vida, por terem cuidado de nós e por nos amarem incondicionalmente.
Esse lindo curta promove a cooperação familiar e a atribuição de algumas funções para os outros membros da família, liberando assim a carga sociocultural que carrega o título de mãe. Isso é benéfico em todos os níveis e não há melhor maneira de conseguir a igualdade.
É importante que as crianças cooperem na tarefas do lar e que cada membro da família tenha suas responsabilidades de acordo com sua idade e capacidade. Dessa maneira, desde pequenas as crianças podem começar organizando seus brinquedos, ajudando a colocar e a tirar a mesa, recolhendo a roupa, fazendo sua cama, etc.
Costumamos ter a crença implícita e errada de que certas responsabilidades não devem ser assumidas na infância, mas a verdade é que o que for incentivado em certas idades irá caracterizar o adulto do futuro. Isso, ao mesmo tempo, ativa seu autoconceito e sua autoestima e faz com que o filho desenvolva habilidades sociais e emocionais que serão importantes quando ele se tornar um adulto.
Se conseguirmos cuidar da base, conseguiremos ter com maior facilidade um topo da pirâmide saudável. Como costuma-se dizer no âmbito do cuidado precoce e da psicologia infanto-juvenil, a rotina e as responsabilidades condizentes com o momento evolutivo devem ser tratados dentro das paredes de casa.
Garantir esse equilíbrio e administrar a cooperação no lar é a única forma de manter os papéis familiares que incentivam o bem-estar emocional de cada membro: começando pela mãe, pelo pai e terminando pelos filhos.
TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA
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