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Mães abusivas que não amam seus filhos, uma pauta urgente

De modo geral, a maternidade sempre foi um tema abordado pela ótica do romantismo. Entretanto, recentemente vem ganhando força um movimento que visa desmistificar o tema e tratá-lo de maneira menos idealizada. Deste modo, cada vez mais mulheres podem viver uma maternidade sem tantas culpas por não se encaixar nesse modelo de “mãe perfeita” que na verdade nunca existiu, mas que sempre povoou o imaginário popular.

As pautas relacionadas à maternidade vêm evoluindo de acordo com as demandas de uma sociedade em plena ebulição comportamental, porém alguns temas vistos como tabus ainda estão longe de “ver a luz do sol”. É o caso das mães abusivas que, por um conjunto de fatores, deixam como legado aos seus filhos uma série de traumas.

No ótimo texto ‘Por que se fala tão pouco das mães abusivas que não amam seus filhos?’ da jornalista e ativista Júlia de Miranda para Revista AzMina, o tema é tratado com a profundidade que merece um asssunto tão complexo.

Júlia se pergunta no texto, “Por que não querem que você saiba que existem pais e mães perversos?”. Segundo a jornalista, a resposta está no fato de que, culturalmente, no Brasil, somos estimulados a estar mais próximos da família, o que automaticamente impõe uma barreira para que simplesmente nos afastemos de familiares que manifestem comportamentos nocivos aos que o rodeiam.

A colunista ainda traz à tona a destruição causada por uma mãe com o transtorno de personalidade narcisista na vida de seus filhos. “O transtorno de personalidade narcisista (diferente de uma doença, ele não tem cura) torna a pessoa incapaz de amar, sentir empatia e impossibilita a construção de vínculos afetivos saudáveis e profundos com qualquer pessoa.”

Para ela, essas mães podem ser criminosas, estando propensas a manifestarem os seguimentos comportamentos negativos na criação dos filhos: alienação parental, campanha difamatória contra a filha, humilhações constantes, triangulação nas relações entre irmãos (um costuma ser o “filho de ouro” e o outro o “bode expiatório”), exposição da criança a situações de risco, ameaças, privações dentro de casa, violência física e psicológica, violência patrimonial, mentiras constantes, manipulações, distorção da realidade e acordos unilaterais onde somente o narcisista é o beneficiado.

Segundo Júlia de Miranda, apesar de poder envolver os filhos homens, a dinâmica tóxica ocorre em maior proporção entre mães narcisistas e suas filhas, já que essas mulheres enxergam outras mulheres como rivais (não importa se é a própria filha).

“Muitas filhas percebem que existe algo de errado na falta de conexão com a mãe ainda na adolescência e acham que a responsabilidade é delas, afinal, no imaginário coletivo toda mãe ama as crias. Conforme o tempo passa, e as atitudes pioram, descobrem na fase adulta o transtorno das mães narcisistas e, muitas não conseguem quebrar definitivamente o espinhoso laço emocional.”, pontua a ativista.

A colunista destaca ainda que “Buscar ajuda com profissionais sérios e que entendam do tema é o salto inicial para curar os danos causados e que podem prejudicar diversas áreas na vida dos sobreviventes. Em tempos de expansão de conteúdos e virtualização das plataformas, é possível encontrar livros especializados, canais no Youtube e páginas nas redes sociais que debatem exclusivamente a temática.”

Júlia de Miranda também aponta um caminho para lidar com essa realidade: “O movimento feminista, junto com medidas de saúde pública, organizações nacionais e internacionais voltadas para a proteção e bem-estar da mulher e o judiciário precisam olhar com mais responsabilidade (rever a eficácia em alguns casos da Lei Maria da Penha) para a situação dessas filhas. Lembrando que o trabalho deve apoiar todas as classes sociais.”

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Azmina.
Foto destacada: Reprodução.

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