SAÚDE MENTAL

Mais diplomas, menos depressão. Será?

Pessoas com diplomas universitários e de pós-graduação tendem a ter menos depressão. O maior nível de instrução tem impacto na saúde física e emocional, uma vez que aumenta a probabilidade de conseguir emprego e ter salários mais altos, em comparação com as pessoas com menor grau de escolaridade. Esse é um dos indicadores analisados no Relatório “Education at a Glance” 2017, apresentado pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). A pesquisa, feita em diversos países, mostrou ainda a correlação entre maior escolaridade e maior expectativa de vida.

Em 2015, a ONU apresentou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com 17 metas globais, incluindo a erradicação da pobreza, a proteção do planeta e a garantia de que todas as pessoas possam viver em paz e com prosperidade. A quarta meta especifica a necessidade de garantir uma educação de qualidade para todos e a promoção de oportunidades para a aprendizagem contínua.

Com amplo acesso à informação propiciado pela internet, aumenta a necessidade de desenvolver múltiplas habilidades e a motivação para exercer o empreendedorismo que possibilita abrir melhores caminhos. Essencial é o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, como a empatia, a clareza da comunicação, a capacidade de trabalhar em equipe. Por isso, a educação precisa se referir a um sentido mais amplo, incluindo a capacidade de se relacionar bem com os outros e contribuir para o bem-estar coletivo. Isso fortalecerá a autoestima e a autoconfiança, assim como a resiliência e a persistência para não desistir ou se desencorajar facilmente diante das dificuldades.

Portanto, os resultados do Relatório da OCDE apontam para uma tendência ao associar o nível mais alto de escolaridade com a redução dos casos de depressão, mas isso não é uma equação infalível. Há pessoas com muitos diplomas que sofrem de depressão e, ao contrário, pessoas com pouca escolaridade que conseguem abrir bons caminhos em suas vidas.

Da mesma forma, nem sempre o nível mais alto de escolaridade protege contra a ansiedade, a depressão e a baixa de autoconfiança e autoestima. Há casos de pessoas superqualificadas que perdem o emprego e não conseguem se recolocar, nem ao menos com trabalhos que oferecem salários mais baixos. E há profissionais liberais e trabalhadores autônomos que passam períodos com menos demanda de serviços e ficam com o tempo de trabalho não totalmente preenchido. Para alguns, mas não para todos, isso conduz à baixa de autoestima, insegurança, ansiedade e, eventualmente, quadros depressivos.

Viver em um mundo instável e sem garantias de conseguir trabalho exige flexibilidade para se ajustar às novas condições, redefinir expectativas e fazer outros projetos. É a oportunidade de encontrar equilíbrio entre vida de trabalho, vida de família e vínculos pertinentes. Realização profissional não é a única dimensão de nossas vidas.

Imagem de capa: Shutterstock/Nirat.pix

 

Maria Tereza Maldonado

É Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RIO, onde lecionou no Departamento de Psicologia. É membro da ABRATEF (Associação Brasileira de Terapia Familiar). Tem mais de 40 livros publicados sobre relações familiares, desenvolvimento pessoal e construção da paz, com mais de um milhão de exemplares vendidos.

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