As teorias de Marx e Freud deram um impulso revolucionário às ciências humanas, a vida biopsíquica e socioeconômica da humanidade na mesma medida que Darwin revolucionou a biologia e Einstein a física. Há entre esses dois notáveis pensadores algumas questões teóricas semelhantes, que nos auxiliam a compreender a complexidade humana, sobretudo, em nossa época de incerteza e insegurança.
O pensamento de Marx e Freud são instrumentos fundamentais para análise da realidade do passado e do presente. Há, todavia, afinidades de ideias entre ambos, que talvez sejam pouco conhecidas, e por isso busquei pontuá-las de modo sintético neste artigo.
Karl Marx foi um filósofo, sociólogo e jornalista. Nasceu há 200 anos na Prússia, Estado-membro do Império Alemão e passou parte de sua vida em Londres. A sua obra contribui muito para entender as origens e as engrenagens do sistema capitalista, bem como para nascimento da sociologia moderna. Marx era um intelectual de origem judaica, elogiado e criticado, sendo descrito como uma das personalidades mais influentes da civilização.
Sigmund Freud foi um médico neurologista e fundador da psicanálise. Nasceu há 162 anos em Freiberg, na Morávia, região que pertencia ao Império Austríaco. A sua obra fez nascer uma percepção do ser humano, como um animal dotado de razão imprecisa e motivado por seus desejos e sentimentos. Freud também era um intelectual de origem judaica, que recebe críticas do seu método psicanalítico, mas os efeitos atingidos pela sua aplicação continuam gerando bem-estar na vida de muita gente.
A argumentação de Freud era crítica numa visão macro. Criticava certos valores e a ideologia da era Vitoriana, contestava ainda a concepção de que o sexo era assunto de investigação científica, bem como reprovava a falta de sinceridade da moral vitoriana e questionava a noção de “inocência” da criança.
Marx tinha um caráter observador e de dúvida, em relação a todas as ideologias e ideias. Lutava para libertar os homens das algemas de dependência, da alienação, da escravidão e da subordinação à economia. Freud pensava com o mesmo espírito crítico, visto que todo o seu método analítico pode ser caracterizado como a arte de duvidar.
O indivíduo independente de Freud é o que se emancipa da submissão com a mãe e o independente de Marx emancipou-se da natureza. Do mesmo modo Marx antecipou com lucidez que as necessidades do ser humano numa sociedade alienada seriam desfiguradas em pura fraqueza. E para Freud a alienação era como uma doença do “eu” que pode ser vista como cerne da psicopatologia do homem moderno.
É inegável a atualidade dos paradigmas de pensamento de Marx e de Freud, porque eles perceberam que os indivíduos vivem com suas ilusões suportáveis diante da miséria da vida real. Os elementos básicos do arcabouço teórico de ambos é o humanismo, onde todo ser humano representa toda a humanidade, ou seja, não há nada humano que possa ser estranho.
Portanto, ao estudar as teorias de Marx e Freud aprenderemos a desconstruir a hegemonia cultural, que mercantiliza a vida e a morte para introjectar na psique humana e nas relações sociais, que a única alternativa para a fragmentação da sociedade contemporâneo – é a manutenção do consumismo e do status quo –, que são difundidos pelo cálculo cínico e clínico da propaganda de massa.
"Tê-lo comigo é simplesmente uma prova do amor de Deus”, afirmou a mãe.
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