Os maus-tratos e o abuso nos casais adolescentes são um mal menor do que entre os adultos? Infelizmente esta atitude tão grave não é apenas um problema entre os mais velhos.
A violência na adolescência pode ser o princípio de uma série de relações terríveis e tóxicas. É necessário que sejamos conscientes de que os maus-tratos não têm idade, gênero nem cultura. Padronizá-lo é um erro. Por isso devemos estar atentos e com os olhos sempre bem abertos para poder acabar com ele quando aparecer.
Sobretudo se ocorrer durante a adolescência, uma etapa difícil para todos os jovens, que se encontram em plena fase de desenvolvimento de sua personalidade.
O que vivemos e experimentamos durante a nossa infância nos afeta de forma importante em nossa vida adulta. Por isso, o fato de que nossos pais tenham tido um comportamento violento, presenciar discussões agressivas e, inclusive, evidências de maus-tratos físicos, pode levar os adolescentes a reproduzir esta conduta. Às vezes não é algo que desejem fazer, simplesmente é um padrão aprendido e, talvez, uma certa dor que levam em seu interior e manifestam desta maneira errada.
Os maus-tratos infantis, abusos sexuais ou o apego inseguro também são outro tipo de experiência que pode fazer com que um relacionamento adolescente seja marcado pelo abuso e pela violência.
Outro fator importante, e talvez mais grave, é a imitação do que se vê ou busca na Internet. As tecnologias nos permitiram nos aproximar da informação, mas também nos deixou vulneráveis a padrões de conduta que nunca deveriam ter sido aprendidos.
Um adolescente que vê na Internet comentários com respeito às práticas sexuais onde o sadomasoquismo está presente, ou que visualiza vídeos com este conteúdo, pensará que pode realizá-lo na vida real sem contar com a aprovação da outra pessoa.
Às vezes, os mais jovens não são capazes de discernir a ficção da realidade, a verdade da mentira.
Comentários de que deve-se humilhar a parceira ou submetê-la ou controlá-la podem provocar uma concepção equivocada do que é uma relação amorosa.
Por este motivo é tão importante que os pais controlem as páginas pelas quais seus filhos navegam na Internet. No entanto, sabemos que é impossível estabelecer um controle 100%.
Buscamos educar no respeito e nas relações saudáveis. Mas a verdade é que ainda nos resta um longo caminho a percorrer. Os pais são nossos principais exemplos. Em muitas ocasiões, de relações destrutivas onde se busca machucar o outro. Modelos de comportamento dos quais os filhos são espectadores desde pequenos. Neste momento não atuam, mas o que acontecerá quando o fizerem?
Os namoros adolescentes nunca deveriam ser baseados em abusos e maus-tratos.
Por exemplo, a educação sexual que se dá nas escolas, em vez de se centrar somente na saúde sexual (como colocar um preservativo, DSTs, etc) deveria focar também as relações saudáveis, o respeito no casal, a orientação sexual…
As relações amorosas são complicadas, e mais ainda quando nos encontramos em uma etapa tão difícil e delicada como é a adolescência.
Os números em relação aos abusos e agressões na adolescência são alarmantes, e muitos podem até levar à morte, apesar de todas as medidas e da conscientização que há a este respeito.
Ainda que devamos levar em conta os motivos que podem nos levar a uma situação de maus-tratos nas relações adolescentes, é fundamental não dar as costas nem retirar a importância desta realidade.
Os adolescentes deveriam aprender a identificar que estão sendo vítimas de violência. É preciso lembrar que muitas vezes ela não é física e podemos nos confundir. Prevenir o abuso no casal adolescente é fundamental para conseguir relações saudáveis na vida adulta.
Imagem de capa: Shutterstock/Africa Studio
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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