Medo de Mãe

Por Maria Cecília Mattos

Ser mãe dá um medo danado.
Durante a gestação a mulher sente medo – medo de fazer algo prejudicial ao filho, medo de comer algo proibido, medo de cair, medo do parto, medo de descobrir algo ruim nos exames, medo de perder o bebê.
Aí, ufa, o bebê nasce. Lindo. Perfeito. E por um segundo (é só um segundo mesmo), você se sente aliviada por não sentir mais medo. Mas logo depois ele volta, e aumenta. Lembra que eu disse que era só um segundo? Começa pelo medo da onda de amor. “Como é possível amar tanto? Amo tanto que dá medo.”
Aí tem o medo de dar banho, medo de cuidar do umbigo, medo de cortar as unhas (precisavam crescer unhas tão grandes em dedinhos tão pequenos?). Medo de o tempo passar depressa. De se perder de si mesma. De nunca mais ter uma boa noite de sono.
Mães têm medo de morrer. Mesmo que já sentissem esse medo antes, agora não temem por elas, mas pelo filho. “Nada pode acontecer comigo para que eu não falte à minha cria”.
Medo de pedir ajuda. Afinal, dizem por aí que mãe sabe de tudo. Medo de serem descobertas – “e quando perceberem que eu não faço a menor ideia do que estou fazendo?”.
Ah… mães! Quem foi que inventou que mãe precisa dar conta de tudo? Que são superpoderosas, não podemos negar. Afinal, mesmo com tanto medo executam com maestria o trabalho mais desafiador de todos! Por desejarem, do fundo do coração, acertar, morrem de medo de errar. Mas quem pode falar de erro quando o amor é tão grande que dá medo?
Ah… mães. Aquele misto de amores e pavores. A resposta pra tudo isso? Não sei. Não tem. De tudo, fica apenas uma certeza: com todos os seus medos e defeitos – você é a melhor mãe que seu filho poderia ter.

TEXTO ORIGINAL DE MATERNIDADE NO DIVÃ






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