Os seres humanos estão sempre comparando aquilo que recebem e conquistam na vida com aquilo que esperavam receber e conquistar.
Entre outras coisas, o sujeito que adoece emocionalmente desaponta-se consigo mesmo quando não atinge os ideais impostos externa ou internamente e tende a concentrar seu olhar nos acontecimentos que não lhe agradam, naquilo que lhe falta, no lado vazio do copo.
Ao manter o foco naquilo que lhe falta, o sujeito tende a sentir indignação, revolta e auto recriminar-se, alimentando pulsões destrutivas.
É preciso, então, exercitar o amor próprio e a gratidão.
Mas, como ser grato a uma vida que produz tantas injustiças e frustrações? Talvez todo sofrimento que estamos vivenciando nos diz algo sobre o que precisamos aprender para evoluir…
Considerada um sentimento positivo, a gratidão consiste em uma consideração sincera do outro como fonte de gratificação, acompanhada do desejo de cuidado, de proteção e até mesmo de reparação. O estado de gratidão contempla a maturidade e permite-nos perceber as coisas boas que existem em nós e nos outros, reconhecendo aquilo que estamos incessantemente buscando nas nossas relações (conjugais, de trabalho, de amizade, etc).
Reconhecer afetos positivos e alcançar o estado de gratidão trata-se de não apenas dizer “obrigado”, um sentimento de endividamento e obrigação como a própria palavra leva a crer, mas diz respeito ao fato de sentir-se privilegiado e agraciado com a sua própria vida, com o desejo de contribuir para seu pleno desenvolvimento, de autoconhecer-se e auto cuidar-se.
Cultivar o amor próprio implica em sentir-se merecedor das coisas boas que lhe acontecem, permitir-se errar e recomeçar sempre que necessário e construir uma avaliação positiva de si, ou seja, uma auto estima.
Assim como a gratidão, a autoestima é um estado psicológico que interfere positivamente na qualidade de vida das pessoas. Quando a autoestima está ausente, pode influenciar no sentimento de segurança e na capacidade de enfrentar as adversidades da vida.
Estar satisfeito ou não consigo mesmo não depende apenas do respeito e reconhecimento vindo das outras pessoas (chefe, professor, amigos, etc.), ou seja, não depende do que os outros pensam de você, mas do julgamento que você tem de si mesmo, que influencia sua maneira de ser, pensar e agir.
É importante lembrar que a imagem de si não é imutável e pode ser modificada ao longo das experiências vividas, conforme se alcança a autoconsciência de seus desejos, necessidades, sentimentos e limitações.
Assumir a responsabilidade em transformar seu dia-a-dia e as coisas que o cercam para tornar a vida mais feliz não é tarefa fácil, mas é sempre possível modificar alguma coisa na realidade para alcançar seus próprios fins.
Para se exercer como pessoa autônoma e desejante é preciso se separar daquilo que lhe aprisiona (o medo, a culpa, a raiva), reconhecer que o desamparo e a dor são inerentes ao ser humano e dar-se conta de que você não pode proteger-se de todo sofrimento, mas pode criar recursos que te fortaleçam e te auxiliem a encarar os desafios da vida.
Um processo de psicoterapia, por exemplo, poderá contribuir para o sujeito sentir-se grato por tudo aquilo que pode realizar, eximindo-se da culpa por aquilo que não conseguiu ser. Para tanto, é necessário conhecer-se, enxergar suas potencialidades e tornar-se mais resiliente às experiências negativas, buscando concentrar-se no lado cheio do copo e assumir-se perante os seus desejos…
Voce tem se concentrado naquilo que deseja ou naquilo que te falta?
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