O uso de loções contendo minoxidil, medicamento amplamente utilizado no combate à calvície, levou ao desenvolvimento de hipertricose em bebês na Europa. A condição, também conhecida como “Síndrome do Lobisomem”, provoca o crescimento excessivo de pelos em todo o corpo e pode estar associada a outros sintomas como inflamação da língua, diarreia crônica, inchaço dos linfonodos, perda de peso, espessamento da pele, tumores e, em casos graves, câncer.
A situação foi descoberta em abril de 2023, quando um bebê apresentou crescimento progressivo de pelos nas costas, pernas e coxas. Gabriela Elizondo, chefe da seção de controle do Centro de Farmacovigilância de Navarra, Espanha, explicou que os sintomas desapareceram após a suspensão do uso da loção pelo pai, que estava em contato constante com o filho devido à licença-paternidade.
A investigação posterior identificou seis outros casos semelhantes na Espanha e ampliou a busca para a base europeia de farmacovigilância, Eudravigilance. No total, foram encontrados 11 casos de hipertricose em bebês expostos acidentalmente ao minoxidil, o que levou à revisão das bulas do medicamento.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou, em outubro de 2024, a inclusão de um alerta sobre a possibilidade de hipertricose em crianças após exposição tópica acidental. Segundo o Comitê de Avaliação de Risco em Farmacovigilância (PRAC), essa relação é considerada “uma possibilidade razoável”, reforçando a necessidade de cuidados durante o uso do produto.
A hipertricose pode ser confundida com o hirsutismo, que é provocado por desequilíbrios hormonais. No entanto, a hipertricose possui uma distribuição de pelos mais desordenada e causas diversas, incluindo fatores genéticos e exposição a substâncias químicas. Exames laboratoriais são essenciais para diferençiar as condições.
Históricos de preconceitos e estigmatizações acompanham a hipertricose, muitas vezes referida de forma pejorativa como “Síndrome do Lobisomem”. O caso mais famoso é o de Petrus Gonsalvus, espanhol do século 16, cuja vida inspirou o conto “A Bela e a Fera”. Apesar de não afetar o desenvolvimento físico em muitos casos, a condição pode ter impacto emocional significativo, exigindo acompanhamento psicológico.
Cuidado redobrado para evitar novos casos
Os especialistas reforçam a importância do uso correto de medicamentos e da atenção às bulas, especialmente em lares com crianças pequenas. A detecção precoce de sintomas é crucial para o tratamento e prevenção de complicações, garantindo a segurança dos bebês e a tranquilidade das famílias.
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Fonte: UOL Viva Bem
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