Quando falamos de sensibilidade ao outro, também podemos pensar em comportamento social. A psicologia atribuiu diversos nomes para os comportamentos de se colocar no lugar do outro, como altruísmo, empatia, sensibilidade.
Ser sensível ao outro envolve não apenas relatar o que o outro pensa ou sentir, mas também como nos comportamos. Envolve tanto comportamentos respondentes (emocionais), como operantes (fazer). Skinner (1953) define comportamento social como ação de duas ou mais pessoas em relação uma a outra ou em relação ao ambiente comum, e este surge porque um organismo é importante para outro como parte do seu ambiente. O outro pode se tornar reforçador apenas pela sua presença, e também por aquilo que faz.
Mas será que é inato ao ser humano amar, sentir?
Segundo Guilhardi (2012), o ser humano tem potencial de evoluir sua forma de amar, e depende da comunidade socioverbal instalar repertórios de comportamento de sentir sob controle de estímulos vindo do outro; portanto, amar não é inato, mas aprendido. Desde a infância somos expostos a regras sociais, e a sociedade vai ensinando o que é certo e errado, e assim, selecionando comportamentos mais ou menos cooperativos. As crianças vão observando também os modelos a sua volta, e reproduzindo de forma semelhante, até generalizar para várias situações. Então, a capacidade de ser sensível ao outro também depende de cada história de vida e de aprendizado.
Reparem que as formas e significados do que é amor variam entre as pessoas, assim como cada estímulo tem uma função diferente para cada um, pois são fatores que depende da história de vida e aprendizado de cada um. Sendo que cara um responde de uma maneira a uma determinada situação, não é preciso sentir exatamente o que o outro sente para ser sensível. Muitos autores ainda discutem se, para ser sensível ao outro, basta apenas compreendermos e relatarmos o que o outro sente e como deveríamos nos comportar, ou se devemos ter uma ação efetiva em relação ao outro.
Quando não somos sensíveis ao outro, podemos nos referir ao comportamento sensorial, que Guilhardi (2012) define como comportamentos que produzem consequências reforçadoras imediatas para aquele que se comporta; a pessoa não fica sob controle das consequências aversivas a médio e longo prazo nem para si, nem para o outro. Já o comportamento sensível prioriza as consequências que produz sobre o outro, uma vez que o bem estar do outro teria função reforçadora para o indivíduo.
Muitas vezes nos comportamos tendo a ideia de que estamos fazendo pelo outro, somos reforçados pela sociedade a sermos altruístas, porque isso passa a imagem de sermos grandes pessoas. Para muitos, a própria sensação de fazer pelo outro já é reforçadora. Mas é importante pensar, está realmente fazendo pelo outro genuinamente, ou pelas consequências que terá para si mesmo? Por exemplo, quando você doa dinheiro para uma instituição, você está pensando no benefício que ela terá ou na fama de caridoso que terás? Continuaria fazendo se ninguém soubesse de tal ação?
Em uma situação mais simples, você prepara o jantar com a intenção de agradar o companheiro, mas pensando no que ele gostaria de comer, ou no que traria prazer para você? Se comportar pelo 3º nível de seleção, que é o que prioriza o bem estar do outro ou da sociedade é muito difícil, talvez seja quase impossível pensarmos em altruísmo puro e genuíno entre os Homens. Até porque pode ser que a maioria das coisas que fazemos pelo outro acarrete em consequências sobre nós mesmos também.
Para verificarmos a forma como nos comportamos, devemos pensar qual tipo ocorre mais, sensorial ou sensível; qual a função de tal comportamento ao ajudar, o outro é a prioridade ou priorizo o benefício para mim? A consequência que teve para o outro foi reforçadora? Ou meu bem estar? Você se considera uma pessoa sensível ao outro? Quais comportamentos emite no dia a dia em relação ao outro que o faz ser sensível? Exemplos como ser gentil, oferecer ajuda, ceder o lugar, deixar a última bolacha do pacote, ouvir, esperar, dizer palavras carinhosas, entre outros.
A maioria de nós age através de regras estabelecidas pela sociedade, ou seja “faz porque sou obrigado”, mas as regras são condições para tornas as pessoas sensíveis, favorecem a cooperação entre as pessoas e um bem estar comum. Nesta era do individualismo, egocentrismo, exigências cada vez maiores, intolerância, tendemos a nos colocar sempre em primeiro lugar, o outro necessita se comportar muito para produzir reforçadores ao outro; e assim, pouco sensíveis estamos.
Porém, identificar o que acontece com o outro, responder emocionalmente a isso, e posteriormente se comportar para modificar a situação, mesmo quando fazemos esperando os benefícios para nós mesmos já é vantajoso, pois a partir desse passo, podemos caminhar em prol do bem estar comum.
GUILHARDI, Helio. OS SEIS SENTIDOS DE “THE LADY AND THE UNICORN”. 2012. Disponível em: <http://www.itcrcampinas.com.br/txt/seissentidos.pdf>.
SAMPAIO, Angelo Augusto Silva; ANDERY, Maria Amalia Pie Abib. Comportamento Social, Produção Agregada e Prática Cultural: Uma Análise Comportamental de Fenômenos Sociais1. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n1/a20v26n1.pdf>.
Imagem de capa: Shutterstock/Juta.
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