A grande maioria dos homens só se sente confortável ao lado de uma mulher que eles consideram mais fracas – ou menos – do que eles. Os critérios para esta avaliação são subjetivos e dependem da hierarquia de cada um.
A maioria gosta de ter controle financeiro sobre as suas mulheres, condição na qual sentem menos medo de serem abandonados. Muitos gostam de se sentir mais inteligentes, mais preparados e cultos, afora, é claro, a superioridade física.
Talvez por isso tenham podido, no passado, defender a tese da superioridade intelectual masculina: cada um escolhia uma mulher que lhe parecia portadora de poucos dotes. As mais qualificadas sempre tiveram mais dificuldade de encontrar um par!
É importante buscarmos uma hipótese explicativa para a insistência neste critério de escolha de cima para baixo.
O fato relevante é que quando este critério não for preenchido e a mulher se mostrar mais bem dotada intelectualmente e também mais bem sucedida profissionalmente, boa parte dos seus parceiros experimentarão uma dramática inibição da sexualidade. Isso foi registrado por Freud (1912): os homens só têm pleno desempenho sexual diante de mulheres que eles consideram inferiores a eles. Trata a questão como um fato biológico definitivo.
Hoje podemos ver isso com mais clareza. O bloqueio sexual realmente existe justamente nos homens que mais respeitam e valorizam as mulheres; costuma ser difícil de ser revertido, mas não é impossível, o que derruba a hipótese biológica.
Tenho pensado assim: os homens são muito fascinados pela aparência física das mulheres. Sentem forte desejo em decorrência dos estímulos visuais que elas provocam. Percebem que não são desejados da mesma forma como desejam e isso os deixa em condição de inferioridade.
Tentam equilibrar esta “conta” se sentindo superiores em outros setores, especialmente naqueles que as mulheres valorizam mais.
Avaliam, pois, a beleza feminina como uma grande vantagem que terá que ser superada pelas suas “prendas”.
Podemos dizer que o “erro” de julgamento é diretamente proporcional à beleza feminina. Assim, as mais lindas – e se ainda forem inteligentes e ricas – serão as que mais “espantarão” os homens. Triste destino para todos.
A esperança vem dos jovens, pois eles começam a avaliar tudo isso de uma outra maneira.
Por Flávio Gikovate