Você que tem filhos que pedem coisas o dia todo e demandam atenção em tempo integral, já pensou em tirar férias do seu “ofício” de mãe? Muita gente pode estranhar essa proposta, mas a prática de reservar um tempo só para si, sem filhos e marido, já vem se tornando uma tendência e inclusive já tem até nome: momcation. A palavra nasceu da junção em inglês da palavra mom, que significa mãe, com vacation, férias. Incentivada por psicólogos americanos, traz entre os argumentos favoráveis que essas mulheres trabalham todos os dias, inclusive nos fins de semana e feriados, e recebem seu salário na forma de carinho, beijos e presentes perfumados no Dia das Mães e Natal. Mas qual é o tempo que elas têm para si mesmas?
Mulheres trabalham quase o dobro de horas do que os homens nos afazeres domésticos e cuidados com parentes, diz o IBGE. Em 2018, foram 21,3 horas semanais delas para 10,9 deles. Mesmo assim, as mães que resolvem aderir ao momcation devem encarar dois grandes desafios, segundo os psicólogos: livrar-se da culpa e da pressão alheia.
Formada em Educação física, com duas pós e 12 cursos internacionais sobre o comportamento da mulher na atividade física, Juliana Cardoso Calheiros fundou a Materna Fit, academia boutique só para mulheres na Capital, visando proporcionar às mães uma sensação de liberdade que elas não conhecem mais.
“O mundo está cheio de oportunidades para que essa mulher saia um pouco da bolha familiar a que ela se impõe. E a atividade física é uma das ferramentas para isso, acrescida da proposta da Materna de acolher as mães. Devolvemos autoestima, segurança, confiança nas emoções por meio da batida cardíaca no ritmo certo: livre e saudável física e emocionalmente”.
Nessa proposta, Juliana junta um grupo de mães para fazer viagens sem as respectivas famílias. Em 2020, serão duas turmas: para a Holanda em abril e a Espanha em agosto, “pois só cresce o número de mulheres que precisam desse tempo feliz numa versão só delas. Quando uma mãe mostra que merece esse tempo, incentiva outras.
É uma corrente de liberdade e quebra de preconceitos e medos. Elas sorriem com a alma sobre bicicletas, olhando as paisagens, repensando a vida e quem elas são. Reconhecem seu corpo e seus sentimentos, trocam histórias, exercitam a tolerância de conviver por sete dias com pessoas diferentes. Tudo isso se dando tempo, coisa que quase nenhuma delas tem para si mesma”.
Para Juliana, a prática de reservar um tempo só para si mesma, sem os filhos, precisa ser encarada com naturalidade. “Tem de ser normal. Homens e mulheres, mães e pais, com liberdade para ir e voltar para seus amores renovados, sem cobranças, confiantes e prontos para rever o mundo com mais abertura. Mães se dedicam demais aos outros [e é lindo isso!], mas a pureza desse amor altruísta tem de estar de acordo com o amor interno, aquele amor básico e que alimenta os demais. As caixinhas familiares devem ser mais abertas, com respeito e sinceridade. Pessoas que se conhecem e se conectam com quem são abrem espaço para o amor com o outro ser completo”, opina Juliana.
Keila Cristiuma, empresária, palestrante, influenciadora digital e mãe do Alexandre, de 16 anos, reforça que o papel da maternidade, apesar de prazeroso e divino, é muito trabalhoso e faz com que as mamães fiquem exauridas, principalmente as que não podem contar com uma rede de apoio. Como idealizadora do Sempre Materna (que engloba revista, portal e cursos in company), têm contato com centenas de futuras mamães que, mesmo antes do parto, já sofrem com a falta de alguém para apoiá-las.
“Por isso, só posso apoiar o momcation, acreditando ser a pausa de que muitas mulheres necessitam. Infelizmente, não é a maioria que consegue saborear os benefícios de cuidar-se ficando longe dos filhos, pela culpa ou por qualquer outro motivo. Mas, com certeza, as que provarem, por uma noite ou período, colherão benefícios não só para elas e, sim, para toda a família”, afirma Keila, por a mulher voltar mais relaxada e descansada para suas atividades.
Uma adepta famosa é a atriz Taís Araújo, que dá vida à advogada Vitória na novela das nove. Mãe do João Vicente e da Maria Antônia, ela já declarou, em entrevistas, que tem o hábito de viajar a cada dois anos na companhia de amigas, sem os filhos e o marido. Machu Picchu, no Peru, foi um dos destinos escolhidos pelo grupo, embora nesse tipo de viagem o lugar seja menos importante. O melhor é ficar um tempo sem ouvir “manhêêê”…
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de A Tribuna.
Foto destacada: Reprodução.
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