Marcel Camargo

De que vale a riqueza quando se tem um coração miserável?

Já se tornou lugar-comum dizer que o “ter”, hoje, passa por cima do “ser”, atropelando-o e se sobrepondo como condição insubstituível para se destacar no mundo. Já nos cansamos de ler e de ouvir reflexões que nos alertam para a necessidade de cuidarmos de nossa essência humana, ou o que tivermos lá fora de nós de nada adiantará durante as tormentas que virão. Mesmo assim, nada parece mudar, haja vista a supervalorização do consumismo cada vez mais intenso.

Todos gostamos de comprar e de adquirir bens, de comer bem, não há mal nisso. Não podemos é priorizar tão somente nossa capacidade de compra como um referencial exclusivo do quanto somos felizes e realizados. Não podemos é focar nas aparências os nossos propósitos de vida, tampouco julgar o outro a partir de sua conta bancária. É lógico que conforto material é bom, mas devemos ter a clareza de que o sossego da alma independe da quantidade de dinheiro que temos guardado.

Da mesma forma, muitos de nós confundimos sucesso com supersalário e status, como se as pessoas só conseguissem se realizar na vida, caso elas ganhassem salários altos em profissões valorizadas pela sociedade. Na verdade, é perfeitamente possível alguém ser feliz e realizado longe dos holofotes sociais, fazendo algo de que goste muito, mesmo que ganhe pouco dinheiro com isso. Realização pessoal é algo íntimo e se refere a sentimentos.

Tal fato se constata ao vermos quantos pais se intrometem nas escolhas profissionais dos filhos, muitas vezes distanciando-os do que eles realmente gostariam de fazer, para que possam corresponder aos sonhos de todo mundo, menos ao deles próprios. Eu mesmo conheci, dia desses, aqui na minha cidade, um homem que passa a semana na borracharia do pai, onde se realiza, e , aos finais de semana, faz plantões nos hospitais, utilizando o diploma de médico que o pai fez questão de que ele tivesse.

Quantos casos vemos de pais de família que se suicidam e até matam os familiares, após perderem tudo o que tinham? Passaram a vida se apegando somente ao material, ou seja, quando não há mais bens, a eles nada mais parece restar na vida. Esqueceram-se de cultivar também a fé, o espiritual, o amor enfim, tudo o que sempre ficará, mesmo que se percam emprego, casa, carro, bens materiais.

Porque, caso mantenhamos bem nutridos os espaços afetivos dentro de nós, com certeza conseguiremos atravessar os vendavais dessa vida, reerguendo-nos e continuando, junto a quem caminha ao nosso lado com verdade e amor sincero.

Imagem de capa: Nick Starichenko/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Para a psicologia, o que significa ter muitas roupas que você não usa?

Por que temos tanta dificuldade em nos livrar de roupas que não usamos? Segundo especialistas,…

5 horas ago

Mãe recorre à Justiça para deixar de sustentar filha de 22 anos que não estuda e nem trabalha

Segundo a mãe, a ação judicial foi a única forma de estimular a filha a…

7 horas ago

Obra-prima da animação que venceu o Oscar está na Netflix e você precisa assistir

Uma pequena joia do cinema que encanta os olhos e aquece os corações.

23 horas ago

O filme da Netflix que arranca lágrimas e suspiros e te faz ter fé na humanidade

Uma história emocionante sobre família, sobrevivência e os laços inesperados que podem transformar vidas.

1 dia ago

Dicas para controlar os gastos e economizar nas compras

Você ama comprar roupas, mas precisa ter um controle melhor sobre as suas aquisições? Veja…

2 dias ago

Minissérie lindíssima da Netflix com episódios de 30 minutos vai te marcar para sempre

Qualquer um que tenha visto esta minissérie profundamente tocante da Netflix vai concordar que esta…

2 dias ago